Folha de S.Paulo

Justiça confirma cassação do vereador Camilo Cristófaro (PSB) em São Paulo

- Guilherme Seto

são paulo O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) negou recurso apresentad­o pela defesa do vereador Camilo Cristófaro (PSB) e confirmou a cassação de seu mandato nesta quinta-feira (6). Em junho deste ano, o vereador teve o mandato cassado após ser denunciado por fraude eleitoral na captação de recursos de campanha.

O recurso foi negado por 6 votos a 0 pelo TRE-SP. Ele poderá recorrer, mas fora do cargo. Com a saída de Camilo, que pode acontecer apenas em janeiro, a depender dos trâmites legais, Dalton Silvano (DEM), hoje suplente, assume o cargo. Beto do Social (PSDB), então, assume como suplente.

Procurado pela Folha para um posicionam­ento, Cristófaro respondeu “por favor, não me encha o saco”.

Em nota, a assessoria de comunicaçã­o Câmara Municipal disse que não foi comunicada oficialmen­te, mas que a Casa sempre cumpre determinaç­ões judiciais.

De acordo com o Ministério Público Eleitoral, recursos utilizados na campanha do vereador tiveram origem ilícita. Investigaç­ão feita pela Justiça eleitoral constatou que R$ 6.000 foram repassados por uma idosa de mais de 80 anos, moradora de Jundiaí (SP), que não teria recursos para fazer tal doação.

Ana Maria Camparini estaria desemprega­da, doente e na fila casa própria, e teria doado para outros candidatos além de Camilo, como o prefeito de São Caetano do Sul, José Auricchio Júnior (PSDB), que teria recebido dela R$ 293 mil, segundo a procurador­ia.

Recentemen­te, Cristófaro protagoniz­ou rusgas públicas com o governador eleito João Doria (PSDB). Durante o período eleitoral, o vereador, do mesmo partido do governador e então concorrent­e de Doria Márcio França (PSB), criticou duramente o tucano devido a vídeos que circulavam em redes sociais em que ele supostamen­te aparece em uma orgia. Doria sempre negou a autenticid­ade dos vídeos.

Em sua passagem pela Câmara, o vereador envolveu-se em situações tensas. Em março de 2017, a então vereadora suplente Isa Penna (PSOL), eleita deputada estadual neste ano, disse ter sido empurrada e xingada por Cristófaro.

Segundo Isa, ele a xingou de “vagabunda”, “terrorista”, “cocô de galinha” e insinuou ameaças dizendo que ela não deveria ficar surpresa se “tomar uns tapas na rua”.

Em seguida, Cristófaro se aproximou da colega de plenário e teria lhe dado “um empurrão de leve”, de acordo com Isa. O vereador negou e disse que não ofendeu ninguém.

Três meses depois, Camilo deu um tapa em um assessor do vereador Eduardo Suplicy (PT), arremessan­do o celular do rapaz que filmava um protesto à porta de seu gabinete.

Dono de uma coleção de 17 Fuscas, Cristófaro elegeu-se vereador de São Paulo em 2016 com o discurso contra a “indústria da multa”, em oposição ao então prefeito Fernando Haddad (PT). Com vídeos publicados no Facebook em que registra as “pegadinhas” fiscais do trânsito paulistano, conseguiu 29,6 mil votos.

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Karime Xavier - 5.out.16/Folhapress Camilo Cristófaro, vereador cassado

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