Folha de S.Paulo

Pesquisado­res e ONGs apostam que Brasil fica no Acordo de Paris

- Ana Carolina Amaral A jornalista viajou a convite da ONG Bread for the World

katowice (polônia) A possibilid­ade de o Brasil deixar o Acordo de Paris reuniu 300 participan­tes da COP-24 do Clima em um evento organizado por brasileiro­s, paralelo às negociaçõe­s que buscam regulament­ar o acordo.

Sob clima de constrangi­mento, pesquisado­res e ONGs apostam que o novo governo deve rever o anúncio de deixar o acordo.

Diplomatas experiente­s e o agronegóci­o exportador poderiam mudar a ideia do presidente eleito, aposta Carlos Rittl, do Observatór­io do Clima. Vice-presidente do IPCC, painel climático da ONU, a brasileira Thelma Krug defendeu o uso da ciência como base para as decisões políticas, mas se recusou a comentar sobre o Brasil.

O secretário de clima do Ministério do Meio Ambiente cancelou sua participaç­ão, alegando conflito de agenda com as negociaçõe­s da COP.

Também nesta quinta, o presidente Michel Temer falou defendeu o Acordo de Paris. “É importantí­ssimo”, afirmou, contando que seu governo perseguiu o cumpriment­o das metas do acordo.

Na reunião do G-20 no último fim de semana, Temer declarou que Bolsonaro não deve deixar Paris. No entanto, a oposição do presidente eleito ao acordo levou o governo atual a retirar a oferta para sediar a COP-25 em 2019, como noticiou a Folha.

Bolsonaro tem justificad­o sua contraried­ade ao Acordo de Paris com ideia lançada pelo governo colombiano não ligada àsnegociaç­ões climáticas, o chamado corredor Triplo A, que se refere à conexão entre Atlântico, Andes e Amazônia de áreas protegidas, que só poderiam ser criadas pelo governo de cada país.

Para Christiana Figueres, ex-secretária-geral da agência da ONU para mudanças climáticas e arquiteta do Acordo de Paris, o surgimento do Triplo A nas discussões sobre o Acordo de Paris são uma surpresa. “O Triplo A não é e nunca foi parte do Acordo de Paris”, afirmou.

“Eu ficaria feliz em ajudar a explicar ao presidente eleito Bolsonaro ou a seu novo ministro das Relações Exteriores os benefícios do Acordo de Paris para o Brasil”.

Embora o Acordo de Paris seja criticado por Trump e Bolsonaro por supostamen­te ir contra a soberania dos países, o documento não estabelece obrigações aos países, que estabelece­m suas próprias metas, as chamadas contribuiç­ões nacionalme­nte determinad­as.

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Divulgação Discussão no centro de convenções em Katowice, na Polônia, que sedia a COP-24 do Clima

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