EUA encarceraram nipoamericanos na 2ª Guerra
Satsuki Ina nasceu por trás do arame farpado, em um campo de prisioneiros durante a Segunda Guerra Mundial. Ela era filha de cidadãos americanos que foram forçados a deixar sua casa e que passaram anos presos depois do ataque japonês a Pearl Harbor, há exatos 77 anos.
Menos de dois meses depois, o presidente Franklin Roosevelt assinou a Ordem Executiva 9.066 cujo objetivo era proteger o país contra espionagem e sabotagem. Notificações começaram a ser publicadas instruindo pessoas de ascendência japonesa a se apresentarem às autoridades.
Cerca de 120 mil imigrantes japoneses e pessoas nascidas nos EUA, mas descendentes de japoneses, foram enviados a campos de detenção em áreas isoladas do oeste americano. Dois terços eram cidadãos americanos. Milhares eram idosos, deficientes físicos, crianças e bebês.
Famílias desesperadas venderam suas propriedades a preços irrisórios e colocaram tudo que podiam nas malas. As mais afortunadas entre elas tinham amigos brancos que concordaram em tomar conta de suas casas, fazendas e empresas.
“Outras pessoas, que não tinham como pagar suas hipotecas, suas contas, perderam tudo. Tiveram de recomeçar do zero depois da guerra”, diz Rosalyn Tonai, diretora da Sociedade Histórica Nipo-Americana.
As ordens contra os americanos de origem japonesa foram revogadas ao final da guerra, em 1945. Eles voltaram às suas regiões de origem, mas enfrentaram hostilidades e discriminação.
Uma comissão do Congresso americano atribuiu o encarceramento a “preconceito racial, histeria de guerra e uma falha da liderança política” em 1980.
Em 1988, o presidente Ronald Reagan concedeu aos sobreviventes dos campos de detenção uma indenização de US$ 20 mil e fez um pedido formal de desculpas em nome do governo.