Em 2016, auxiliar de Flávio Bolsonaro fez 176 saques
Presidente eleito diz que cheque de R$ 24 mil a sua mulher foi quitação de dívida
Ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o policial militar Fabrício José de Queiroz fez 176 saques de dinheiro de sua conta em 2016, média de uma cada dois dias, informa Italo Nogueira.
Segundo o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras ), houve movimentação atípica de R $1,2 milhão.
Esse montante inclui saques e transferências, entre outras operações. Cerca de 1/4 (R$ 324,8 mil) foi movimentado por meio de saques.
O Coaf registrou que parte das transferências ocorreu com membros do gabinete do deputado estadual Flávio —entre eles, uma ex-assessora de Jair Bolsonaro (PSL).
Uma das movimentações se refere à futura primeiradama, Michelle Bolsonaro, que foi favorecida por cheque com valor de R$ 24 mil.
O presidente eleito afirmou que Queiroz é seu amigo e que essa quantia pagava uma dívida. Disse também que não falará com ele até que se explique aos investigadores.
Nem Flávio nem seu ex-assessor são atualmente alvo de investigações. A Procuradoria ressaltou que a identificação de movimentação atípica na conta não configura um ilícito por si só.
O ex-motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) fez 176 saques de dinheiro em espécie de sua conta em 2016. A movimentação dá uma média de uma retirada a cada dois dias.
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou uma movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão do ex-assessor parlamentar e policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz naquele ano. Esse valor inclui tanto saques como transferências, créditos em suas contas, entre outras operações.
Cerca de um quarto do valor suspeito (R$ 324,8 mil) foi movimentado por meio de saques. Foram retiradas que variavam de R$ 100 a R$ 14.000.
No dia 10 de agosto de 2016, por exemplo, Queiroz fez cinco retiradas que, somadas, dão R$ 18.450. Todos os saques foram em valores abaixo de R$ 10 mil, a partir do qual o Coaf alerta automaticamente as autoridades fiscais.
Houve ainda 59 depósitos em dinheiro vivo na conta do policial militar. As entradas variam de R$ 400 a R$ 12.700.
Procuradores afirmam que o uso de dinheiro vivo em transações bancárias costuma ter como objetivo ocultar o destinatário ou remetente dos recursos. A prática dificulta a identificação dos responsáveis pelas transações.
As informações fazem parte do relatório do Coaf da Operação Furna da Onça, que prendeu dez deputados estaduais do Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal solicitou ao órgão de controle financeiro os casos de movimentação atípica envolvendo funcionários da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Os dados sobre o policial militar chamaram a atenção por, entre outros motivos, registrar “movimentações em espécie realizadas por clientes cujas atividades possuam como característica a utilização de outros instrumentos de transferência de recursos”.
Queiroz também apresen- tou, para o Coaf, “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira”. De acordo com o órgão financeiro, ele tinha uma renda de R$ 23 mil mensais e um patrimônio de cerca de R$ 700 mil.
Nem Flávio Bolsonaro, deputado estadual, nem Queiroz são alvo de investigações. A Procuradoria ressaltou que a identificação de movimentação atípica não configura um ilícito por si só.
Boa parte das movimentações financeiras em que a outra parte é identificada se refere a transações com membros do próprio gabinete de Flávio Bolsonaro. Sete nomes que constam do relatório fizeram parte da equipe do deputado estadual.
Três são parentes de Queiroz. Estão na lista Marcia Oliveira de Aguiar (mulher), Nathalia Melo de Queiroz e Evelyn Melo de Queiroz (filhas). Todas também integraram em algum momento o gabinete de Flávio Bolsonaro.
A partir de dezembro de 2016, Nathalia saiu da Alerj para integrar a equipe do hoje presidente eleito, Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados. Ela se desligou do cargo em outubro deste ano, na mesma data em que o pai deixou o gabinete do senador eleito.
Conhecida como personal trainer de famosos como os atores Bruno Gagliasso e Bruna Marquezine, Nathalia repassou quase todo o salário que recebeu naquele ano para o pai. Foram R$ 84,1 mil repassados para o policial militar.
Uma das movimentações registradas também se refere à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ela foi a favorecida por um cheque de R$ 24 mil do ex-assessor parlamentar.