Trump anuncia aliados para Justiça e ONU
Novo secretário já criticou investigação sobre Rússia; ex-jornalista da Fox News será representante nas Nações Unidas
washington O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (7) que nomeará o republicano William Barr, 68, para o posto de secretário de Justiça e a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, 48, para ser embaixadora dos Estados Unidos na ONU.
Os dois nomes ainda precisam ser confirmados pelo Senado, o que só deverá ocorrer no próximo ano.
Caso aprovado, Barr comandará o setor do Departamento de Justiça que cuida das investigações sobre a interferência russa nas eleições de 2016, conduzidas pelo procurador especial Robert Mueller e que se aproximam cada vez mais do círculo íntimo de Trump.
O indicado foi secretário de Justiça de 1991 a 1993, durante a administração do republicano George H. W. Bush, morto na última sexta (30). Depois, trabalhou como advogado de uma empresa de telecomunicações e em um dos maiores escritórios de advocacia do país.
Trump teceu elogios a Barr, classificando-o como “um homem brilhante” e afirmando que foi sua “primeira escolha” desde que o conheceu, o que ocorreu enquanto analisava os currículos dos candidatos. “É respeitado por republicanos e por democratas”, afirmou.
O atual ocupante do cargo é Matthew Whitaker, que substituiu de forma interina Jeff Sessions, demitido por Trump um dia após as eleições legislativas americanas, em 6 de novembro.
O presidente acusava Sessions, um de seus primeiros aliados no Partido Republicano, de não ter contido o avanço das investigações de Mueller.
O ex-secretário se declarou impedido de participar das apurações em março de 2017, por conflito de interesses —ele participou da campanha vitoriosa de 2016 e encontrou-se duas vezes com o embaixador russo Sergey Kislyak naquele período.
A chegada de Whitaker ao posto não foi vista com bons olhos. Ele é próximo a Trump e já criticou as investigações sobre a Rússia. Havia uma preocupação entre adversários do presidente de que ele assumisse o cargo em definitivo.
Barr, por sua vez, também já criticou alguns aspectos das apurações e chegou a sugerir que havia muitos democratas na equipe de Mueller.
O alinhamento com Trump ocorre em algumas frentes. Barr defendeu a decisão do presidente de demitir o diretor do FBI (polícia federal americana) James Comey em maio de 2017.
Também apoiou os pedidos do presidente para que um novo inquérito fosse aberto contra Hillary Clinton, democrata derrotada na eleição de 2016.
Para o The New York Times, afirmou que havia mais razões para investigá-la pelo seu papel na aprovação de um acordo de urânio pelo governo enquanto era secretária de Estado (2009 a 2013) do que para investigar Trump e suas possíveis relações com Moscou.
Já Nauert substituirá Nikki Haley, que anunciou a sua renúncia em outubro —ela ficará no cargo até o fim do ano.
O presidente cogitou indicar a filha Ivanka para a posição junto à ONU, afirmando que não havia “ninguém mais competente no mundo” do que ela para assumir o cargo, mas disse que a indicação seria considerada nepotismo.
Ex-jornalista da Fox News, emissora favorável a Trump, Nauert entrou para o Departamento de Estado em abril de 2017. Críticos dizem que ela não tem a bagagem política e diplomática necessária para assumir o cargo —a antecessora já havia sido governadora da Carolina do Sul.
O presidente tem opinião mais favorável: a descreveu como “muito talentosa, muito inteligente e muito rápida”. “E eu acho que ela será respeitada por todos”, disse.
Nauert terá a missão de continuar com a agenda “America First” (América em primeiro lugar) de Trump e enfrentará desafios como conter a influência do Irã no Oriente Médio e garantir que as sanções da ONU contra a Coreia do Norte sejam mantidas. As guerras civis na Síria e no Iêmen também devem ser questões com as quais será confrontada.
Trump é crítico da ONU, alegando que foca mais na burocracia do que nos resultados e que traz custos a Washington.
Em junho, retirou o país do Conselho de Direitos Humanos da entidade, sob a justificativa de que mantinha “viés anti-Israel”. Também cortou o repasse de verbas para assistência a refugiados palestinos.