Maconha legal pode salvar metrô de NY, diz estudo
nova york Caótica é uma boa palavra para definir a experiência que o turista que visita Nova York tem o usar o metrô. Os trens são, em sua maioria, antigos, sujos e lotados mesmo fora do horário de pico, reclamam os usuários.
Financiar um sistema que transporta mais de 5,5 milhões de pessoas por dia não é barato, mas um estudo sugere uma fonte alternativa de arrecadação: legalizar a maconha.
A ideia foi lançada por Mitchell Moss, Kelsey McGuinness e Rachel Wise, do Rudin Center for Transportation Policy & Management, da Universidade de Nova York.
Eles defendem que o metrô nova-iorquino precisa de uma fonte de receita extra com potencial de crescimento, e que não desvie recursos de serviços públicos como educação.
“A legalização de cânabis recreativa ofereceria ao estado de Nova York uma oportunidade única para gerar um novo fluxo de receita voltada ao transporte de massa”, indica o estudo.
Os autores dizem que as compras ilegais de maconha no estado são estimadas entre 6,5 milhões e 10,2 milhões de onças (algo entre 184 e 290 toneladas), segundo relatório do Departamento de Saúde do Estado de Nova York.
A um preço de US$ 270 (R$ 1.050) a US$ 340 (R$ 1.320) por onça (28 gramas, aproximadamente), o mercado ilegal de maconha geraria de US$ 1,7 bilhão (R$ 6,6 bilhões) a US$ 3,5 bilhões (R$ 13,6 bilhões) por ano.
Se houvesse uma taxação entre 7% e 15% sobre o produto, as receitas do estado poderiam variar de US$ 110 milhões (R$ 428 milhões) a US$ 428 milhões (R$ 1,66 bilhão) por ano.
Autoridades da MTA (a companhia que administra o metrô) estimam que, até 2022, o déficit do sistema alcance US$ 1 bilhão (R$ 3,89 bilhões) por ano.
Para Rachel Wise, a receita gerada com a legalização de maconha não taparia o rombo por completo, mas ajudaria a reforçar o caixa. “Alguns dizem que é pouco dinheiro, mas ainda é dinheiro. Um aumento de 1% do PIB [Produto Interno Bruto] parece pouco, mas é melhor que zero”, diz.
“Poderia dar um forte impulso à economia de Nova York”, complementa. “É uma fonte de receita sem esforço. O que teriam que fazer é montar uma estrutura para regular, o que geraria alguns custos administrativos. Mas, como estão passando o chapéu, daria para compartilhar com o estado parte desses custos.”
Na avaliação dela, outra fonte de pressão são os estados próximos a Nova York. Em Massachusetts, o uso recreacional da maconha já é legalizado. Nova Jersey e Connecticut vão pelo mesmo caminho.
O estudo do qual Wise participou cita os exemplos em que a taxação de maconha já está mais avançada, como em Washington, Colorado, Oregon e Califórnia.
No Colorado, a arrecadação com impostos somou US$ 862 milhões (R$ 3,34 bilhões) desde 2014. Em Washington, foi de US$ 686 milhões (R$ 2,66 bilhões) no mesmo período, e no Oregon, de US$ 173 milhões (R$ 671 milhões) desde 2016.
Em 2017, segundo a consultoria BDS Analytics, líder em pesquisa sobre cânabis, a indústria na América do Norte alcançou US$ 9,2 bilhões (R$ 35,68 bilhões). Na próxima década, a projeção é que gere US$ 47,3 bilhões (183,45 bilhões). No mundo, até 2027, a cifra deve atingir US$ 57 bilhões (R$ 221 bilhões).
Qualquer esforço para legalizar a maconha em Nova York teria que ser aprovado por legisladores estaduais e pelo governador Andrew Cuomo, que já sinalizou, no último debate ao governo do estado, que estava disposto a estudar a ideia.
Para Sal Barnes, diretor da consultoria Marijuana Policy Group, a legalização da maconha ajudaria a resolver o problema do metrô. “Pode funcionar. Além dos benefícios com arrecadação, há um efeito multiplicador sobre a economia, com a geração de novos negócios e impacto no turismo, no setor imobiliário e na sociedade”, afirma.