Folha de S.Paulo

Maconha legal pode salvar metrô de NY, diz estudo

- Danielle Brant Mark Lennihan/Associated Press

nova york Caótica é uma boa palavra para definir a experiênci­a que o turista que visita Nova York tem o usar o metrô. Os trens são, em sua maioria, antigos, sujos e lotados mesmo fora do horário de pico, reclamam os usuários.

Financiar um sistema que transporta mais de 5,5 milhões de pessoas por dia não é barato, mas um estudo sugere uma fonte alternativ­a de arrecadaçã­o: legalizar a maconha.

A ideia foi lançada por Mitchell Moss, Kelsey McGuinness e Rachel Wise, do Rudin Center for Transporta­tion Policy & Management, da Universida­de de Nova York.

Eles defendem que o metrô nova-iorquino precisa de uma fonte de receita extra com potencial de cresciment­o, e que não desvie recursos de serviços públicos como educação.

“A legalizaçã­o de cânabis recreativa ofereceria ao estado de Nova York uma oportunida­de única para gerar um novo fluxo de receita voltada ao transporte de massa”, indica o estudo.

Os autores dizem que as compras ilegais de maconha no estado são estimadas entre 6,5 milhões e 10,2 milhões de onças (algo entre 184 e 290 toneladas), segundo relatório do Departamen­to de Saúde do Estado de Nova York.

A um preço de US$ 270 (R$ 1.050) a US$ 340 (R$ 1.320) por onça (28 gramas, aproximada­mente), o mercado ilegal de maconha geraria de US$ 1,7 bilhão (R$ 6,6 bilhões) a US$ 3,5 bilhões (R$ 13,6 bilhões) por ano.

Se houvesse uma taxação entre 7% e 15% sobre o produto, as receitas do estado poderiam variar de US$ 110 milhões (R$ 428 milhões) a US$ 428 milhões (R$ 1,66 bilhão) por ano.

Autoridade­s da MTA (a companhia que administra o metrô) estimam que, até 2022, o déficit do sistema alcance US$ 1 bilhão (R$ 3,89 bilhões) por ano.

Para Rachel Wise, a receita gerada com a legalizaçã­o de maconha não taparia o rombo por completo, mas ajudaria a reforçar o caixa. “Alguns dizem que é pouco dinheiro, mas ainda é dinheiro. Um aumento de 1% do PIB [Produto Interno Bruto] parece pouco, mas é melhor que zero”, diz.

“Poderia dar um forte impulso à economia de Nova York”, complement­a. “É uma fonte de receita sem esforço. O que teriam que fazer é montar uma estrutura para regular, o que geraria alguns custos administra­tivos. Mas, como estão passando o chapéu, daria para compartilh­ar com o estado parte desses custos.”

Na avaliação dela, outra fonte de pressão são os estados próximos a Nova York. Em Massachuse­tts, o uso recreacion­al da maconha já é legalizado. Nova Jersey e Connecticu­t vão pelo mesmo caminho.

O estudo do qual Wise participou cita os exemplos em que a taxação de maconha já está mais avançada, como em Washington, Colorado, Oregon e Califórnia.

No Colorado, a arrecadaçã­o com impostos somou US$ 862 milhões (R$ 3,34 bilhões) desde 2014. Em Washington, foi de US$ 686 milhões (R$ 2,66 bilhões) no mesmo período, e no Oregon, de US$ 173 milhões (R$ 671 milhões) desde 2016.

Em 2017, segundo a consultori­a BDS Analytics, líder em pesquisa sobre cânabis, a indústria na América do Norte alcançou US$ 9,2 bilhões (R$ 35,68 bilhões). Na próxima década, a projeção é que gere US$ 47,3 bilhões (183,45 bilhões). No mundo, até 2027, a cifra deve atingir US$ 57 bilhões (R$ 221 bilhões).

Qualquer esforço para legalizar a maconha em Nova York teria que ser aprovado por legislador­es estaduais e pelo governador Andrew Cuomo, que já sinalizou, no último debate ao governo do estado, que estava disposto a estudar a ideia.

Para Sal Barnes, diretor da consultori­a Marijuana Policy Group, a legalizaçã­o da maconha ajudaria a resolver o problema do metrô. “Pode funcionar. Além dos benefícios com arrecadaçã­o, há um efeito multiplica­dor sobre a economia, com a geração de novos negócios e impacto no turismo, no setor imobiliári­o e na sociedade”, afirma.

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Manifestaç­ão em Nova York nesta quinta (6) a favor do uso da taxação sobre maconha para ajudar a financiar o metrô na cidade
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