Ultradireitista espanhol procurado por ataque em 1977 é preso em SP
são paulo A Polícia Federal prendeu na noite desta quarta-feira (5), em São Paulo, um ultradireitista espanhol procurado internacionalmente por sua participação em um ato terrorista em Madri, em 1977.
Carlos García Juliá, 63, foi preso, segundo a polícia, enquanto andava em uma rua da Barra Funda, bairro da zona oeste da capital paulista. O espanhol disse à polícia que estava trabalhando no Brasil como motorista do aplicativo Uber.
García Juliá integrava um grupo ultradireitista na década de 1970 e foi condenado, em 1980, a 193 anos de prisão pela morte de três advogados trabalhistas, um estudante de direito e um funcionário administrativo na rua Atocha, no centro de Madri.
O ataque, em que quatro integrantes do grupo ultradireitista abriram fogo contra um escritório de advocacia, ocorreu em 1977, dois anos após a morte do ditador Francisco Franco (1892-1975), em meio à redemocratização espanhola. Outras quatro pessoas ficaram feridas.
Um dos outros três responsáveis pelo ataque continua foragido. Dois estão presos na Espanha.
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (7), em São Paulo, o policial espanhol Jorge Garrigos Juarez disse que García Juliá recebeu liberdade condicional temporária em 1991 e permissão para viajar ao Paraguai, onde recebeu uma oferta de emprego.
Ele desapareceu pouco depois, quando a Espanha revogou o benefício e ordenou seu retorno imediato para servir o resto da sentença de prisão.
Juarez disse que o espanhol teria passado também por Argentina, Chile, Venezuela e Bolívia. Neste último país, ele chegou a ser preso por tráfico de drogas. Segundo Juarez, quando as autoridades espanholas pediram sua extradição ao governo boliviano, ele já havia deixado o país.
O chefe da PF em São Paulo, Disney Rosseti, afirmou que o espanhol vive no Brasil ao menos desde 2001. Ele entrou por Pacaraima, em Roraima, com documentos falsos venezuelanos usando o nome de Genaro Antonio Materan Flores.
Em 2009, ele fez um pedido para visto temporário, que não renovou dois anos depois, o que levantou suspeitas da PF.
A investigação sobre seu paradeiro começou em maio. Os agentes encontraram dois endereços registrados em seu nome, um deles na Barra Funda. Ele morava com uma brasileira, que não foi identificada.
Rosseti afirmou que a Espanha deve requisitar a extradição de García Juliá. Enquanto isso, ele está sob a custódia da PF em uma cela em São Paulo.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchéz, celebrou a prisão de García Juliá. “O fascismo queria colocar a democracia de joelhos. Mas a democracia e a justiça sempre derrotam seus inimigos”, escreveu em sua conta no Twitter.