Folha de S.Paulo

Com prorrogaçã­o e virada, River derrota Boca por 3 a 1 e leva sua 4ª Libertador­es

EmM adri, tim e de Marcelo Gallardo venceu a Libertador­es pela quarta vez

- Alex Sabino e Tiago Leme Sergio Perez/Reuters

O River Plate gritou, esperneou, mas não viu solução que não fosse viajar a Madri para jogar uma final que deveria ser realizada em sua casa.

Apesar de todos os contratemp­os, a equipe sai da Espanha de alma lavada depois de vencer, de virada, a final contra o arquirriva­l por 3 a 1, neste domingo (9). Os 30 minutos da prorrogaçã­o entraram na história do futebol sul-americano pela emoção e dois gols.

O da virada foi marcado pelo colombiano Quintero, no início do segundo tempo do tempo-extra. Criticado no passado por ser gordo, ele acertou um chute de fora da área que colocou seu nome na história do clube. Assim como Pity Martínez, o maestro do River Plate, que foi lançado do campo de defesa para fechar o placar no último lance, quando nem o goleiro rival Andrada estava mais em sua posição.

Aos críticos, Quintero sempre disse que não era gordo e sim, “bundudo”. Não que isso faça qualquer diferença agora para o torcedor do River, que conquistou a Libertador­es pela quarta vez. As outras vitórias foram em 1986, 1996 e 2015.

Por causa do título, o maior da história do time por ter sido contra o maior rival, o River Plate vai para os Emirados Árabes disputar o Mundial de Clubes. É o favorito para fazer a final contra o Real Madrid, dono do estádio em que realizou uma das maiores festas que o futebol argentino já viu.

O torneio deveria ter terminado no último dia 24, mas teve a data trocada por causa do ataque de torcedores do River Plate ao ônibus que levava os jogadores do Boca Juniors ao Monumental de Nuñez.

A mudança não foi apenas de dia, mas de cidade e país. Os jogadores visitantes se recusaram a entrar em campo e a Conmebol levou a final para fora do continente sul-americano pela primeira vez.

Graças à generosida­de do governo do Qatar, que pagou as contas, o jogo foi para Madri. O estádio Santiago Bernabéu recebeu 62 mil pessoas. Entre elas, Lionel Messi, torcedor do Newell’s Old Boys e que quase jogou no River Plate na infância, e Antoine Griezmann, que se sentou na tri- buna vestido com a camisa do Boca Juniors.

A vitória deve render uma estátua para o técnico Marcelo Gallardo, campeão também como técnico em 2015 depois de ter feito o mesmo como jogador, em 1996.

Ele deve ser homenagead­o na região do Monumental ao lado de Ángel Labruna, considerad­o o maior jogador da história do River.

A confusão do adiamento da final, a mudança para a Espanha e a revolta de dirigentes e torcedores foram parte do que foi a Libertador­es deste ano. Os dois finalistas utilizaram jogadores em condições irregulare­s (Ponzio e Ábila), mas não foram punidos.

Já o Santos foi declarado perdedor da partida de ida das oitavas de final contra o Independie­nte (ARG) por escalar Carlos Sánchez, que estava suspenso. Acabou eliminado. O Grêmio tentou a vaga na final no tapetão, alegando que Gallardo não havia cumprido pena imposta pela Conmebol durante a semi. Perdeu.

Se existiu uma vantagem foi a liberação das duas torcidas no estádio, o que não teria acontecido na Argentina. Existe no país a política de fazer as partidas apenas com a presença de torcedores da casa.

Na primeira parte da decisão, em La Bombonera, somente os boquenses puderam entrar no estádio. Acabou empatado em 2 a 2.

Com aparência de estar mais calmo em campo, talvez por ter conseguido o objetivo principal, que era não voltar ao Monumental, o Boca foi melhor em campo e parecia que conseguiri­a vencer.

Não apenas saiu na frente, como fez um dos gols mais bonitos do torneio neste ano, finalizado por Benedetto.

O atacante vive uma fase encantada. Quanto mais importante era a partida, mais o centroavan­te se tornou decisivo. Nas duas semifinais contra o Palmeiras, fez três gols. Anotou também na primeira final e deixou sua marca neste domingo.

Como ponto de referência do ataque, ele passava sempre por Maidana e ganhava todas as divididas. Mas por algum motivo, no segundo tempo, o técnico Guillermo Schelotto o tirou para colocar Ábila, centroavan­te muito mais de força do que de técnica.

Foi a última Libertador­es decidida em jogos de ida e volta. A partir de 2019, a Conmebol vai utilizar o sistema da Champions League e fazer a decisão em uma partida, em cidade e estádio determinad­o com mais de um ano de antecedênc­ia. O campeão de 2019 será definido em Santiago, no Chile.

Isso está no futuro, o que interessa para a torcida do River Plate é que terá o direito de zombar, talvez eternament­e, o maior rival. Não só pela vitória, mas por tudo o que aconteceu entre a primeira e a segunda decisão.

E porque o elenco dirigido por Gallardo impediu o Boca Juniors de chegar ao sétimo título de Libertador­es e se tornar o maior campeão, ao lado do Independie­nte.

“Somos justos merecedore­s [do título] e quero enviar uma mensagem à Colômbia. Aqui estamos fazendo história. Trabalhamo­s a partida até a final e foi onde fizemos a diferença Juan Fernando Quintero meia-atacante colombiano do River Plate

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Jogadores do River Plate levantam troféu da Libertador­es em Madri após vitória sobre o Boca
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Javier Soriano/AFP Quintero, do River, comemora o gol que desempatou o placar no estádio Santiago Bernabéu
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Manu Fernandez/Associated Press Wilmar Barrios deixa o campo após ser expulso durante o tempo extra da final

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