Folha de S.Paulo

Chile desiste de participar de pacto pela imigração da ONU

- AFP

O Chile anunciou neste domingo (9) que não participar­á da conferênci­a da ONU no Marrocos para selar o pacto de imigração.

A conferênci­a intergover­namental ocorre nesta segunda (10) e terça (11) em Marrakech. Segundo o Ministério do Interior chileno, pontos do documento “não se aplicam” à política do país.

O termo, chamado de Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular, foi aprovado pelos 192 Estados-membros —exceto os EUA—, com apoio da Assembleia Geral, em 13 de julho. Na ocasião, o secretário­geral da ONU, António Guterres, chamou o documento de conquista significat­iva.

Os objetivos do documento preveem que o migrante que estiver irregular no país não poderá ser deportado imediatame­nte —terá o caso analisado individual­mente. O texto diz ainda que ele terá acesso a Justiça, saúde, educação e informação.

O pacto proíbe também deportaçõe­s coletivas e discrimina­ção na análise sobre a permanênci­a ou não do migrante no país. E recomenda que a detenção de migrantes seja o último recurso. Os países também vão analisar dados e benefícios da migração e a contribuiç­ão dos migrantes ao desenvolvi­mento.

Assim o texto, que é não vinculante (sem força de lei), foi considerad­o agora pelo Chile, assim como fizeram os EUA em dezembro de 2017, “ameaça à soberania”.

Em comunicado, o governo Sebástian Piñera informou que “decidiu não participar das reuniões em Marrakesh e deixar claro que as diferenças são com o pacto”.

A ONU diz que há mais de 258 milhões de imigrantes no mundo, e esse número deve crescer nos próximos anos. Desde 2000, pelo menos 60 mil deles morreram tentando entrar em outro país.

Após a conferênci­a no Marrocos, o documento voltará à Assembleia Geral da ONU para a aprovação dia 19.

Para o subsecretá­rio de Interior do Chile, Rodrigo Ubilla, o país, que abriga 155 mil haitianos e 200 mil venezuelan­os, considera o acordo “uma camisa de força”.

O presidente do Brasil, Michel Temer, que deixa o cargo dia 1º, desistiu de ir à cúpula. Não está claro se o novo governo aderirá ao pacto.

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