Folha de S.Paulo

Criminosos atacam ponte e juizado com explosivos no CE

- Aline Freires-12.jan.2019/Divulgação João Pedro Pitombo

A onda de ataques, que já havia derrubado uma torre de energia no sábado, prosseguiu ontem. Em sessão extraordin­ária, deputados estaduais aprovaram série de projetos para conter a crise na segurança. Um deles prevê a retirada das tomadas das celas de presídios.

Um grupo de seis homens armados invadiu um terreiro de candomblé durante uma cerimônia religiosa, roubou os pertences das pessoas que estavam no local e agrediu o babalorixá Rychelmy Esutobi.

O caso aconteceu na noite deste sábado (12) no terreiro Iê Axé Ojisé Olodumare, na vila de Barra do Pojuca, em Camaçari (40 km de Salvador).

Os adeptos do candomblé estavam reunidos numa cerimônia de saudação a Oxalá, quando foram surpreendi­dos pela chegada dos homens armados.

Segundo os integrante­s do terreiro, os assaltante­s fizeram com que todos deitassem no chão. Pessoas que estavam incorporad­as pelos orixás foram sacudidas e revistadas.

Além do babalorixá, um outro homem foi agredido com coronhadas na cabeça. Ambos foram atendidos em hospitais da região e passam bem.

Os bandidos roubaram telefones celulares e um carro, além de instrument­os de culto considerad­os sagrados no candomblé. Também agrediram verbalment­e os adeptos da candomblé, associando a religião a demônios.

“É um momento de muita dor e reflexão. A gente ver o nosso sagrado ser profanado e ser agredido nos dói muito, mas também nos fortalece”, afirmou o babalorixá Rychelmy em um vídeo postado em uma rede social.

Em nota, o terreiro lamentou o episódio de violência e intolerânc­ia religiosa e afirmou que irá tomar as medidas cabíveis para que episódios como este não voltem a ocorrer.

“Hoje somos alvo da violência que assola toda a nossa sociedade, acrescida da violência religiosa. Apesar de todo ocorrido estamos bem e continuare­mos contritos em nossa fé conforme nossos antepassad­os nos ensinaram”, afirma a nota.

A Polícia Civil investigar­á o caso, que também será denunciado ao Ministério Público e ao Centro de Referência de Combate ao Racismo e Intolerânc­ia Religiosa.

Segundo dados da secretaria estadual de Promoção da Igualdade Racial, foram registrado­s nos últimos seis anos 153 casos de intolerânc­ia religiosa na Bahia, incluindo 16 ataques a terreiros de candomblé.

Levantamen­to da Folha mostrou que os registros de crimes relacionad­os à intolerânc­ia no estado de São Paulo atingiram um pico durante as eleições de 2018. Em agosto, setembro e outubro, meses de campanha, foram 16 casos por dia, em média, o que representa mais do que o triplo dos 4,7 registros diários ao longo do primeiro semestre.

De janeiro a novembro, 2018 teve praticamen­te o dobro das ocorrência­s do ano anterior: foram 3.191, quase dez por dia. No mesmo período de 2017 foram 1.607, cerca de 5 por dia.

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Polícia e Exército participar­am de operação que apreendeu explosivos no sábado (12), em Fortaleza

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