Brasil chegou a dizer que italiano viria ao país e mandou avião
O governo brasileiro chegou a anunciar que Cesare Battisti viria primeiro ao país e enviou um avião de Corumbá (MS) para Santa Cruz de la Sierra para buscá-lo.
Acabou sendo atropelado pela decisão de bolivianos e italianos de acelerar o processo, no entanto, e se tornou um espectador dos fatos.
Pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro reuniu os ministros Augusto Heleno (GSI), Sergio Moro (Justiça) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) no Palácio da Alvorada para debater o assunto.
Na saída, Heleno declarou que Battisti, a quem chamou de “bandido”, seria trazido ao Brasil antes de seguir para a Itália. “Ele para no Brasil como se fosse uma escala. Não é escala porque terá que trocar de avião”, explicou.
Horas depois, no entanto, a mudança de planos foi anunciada pelo premiê da Itália, Giuseppe Conte, por uma rede social. “Cesare Battisti chegará à Itália nas próximas horas, com um voo que parte de Santa Cruz de la Sierra direto a Roma”, afirmou Conte, que disse ter conversado com Bolsonaro a respeito.
Depois, foi a vez de a Bolívia confirmar o roteiro e, só então, o Itamaraty, por meio de nota, admitiu a mudança de planos. Na versão da diplomacia brasileira, a parada no Brasil foi apenas uma sugestão.
“O Brasil ofereceu facilitar o embarque pelo território nacional e devido à urgência foi encaminhada uma aeronave da Polícia Federal brasileira à Bolívia. No entanto, optouse pelo envio direto do prisioneiro à Itália”, afirma a nota.
A mudança de planos pode ter tido relação com o risco de que, em território nacional, alguma medida judicial de última hora barrasse a extradição.
Os advogados brasileiros de Battisti anunciaram, por meio de nota, que pediriam habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal que vetasse a viagem do italiano para o país europeu, caso ele viesse ao Brasil.
O pedido foi recusado, no entanto, pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli.
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