Folha de S.Paulo

No início do governo no Rio, Witzel surpreende com gestos inusitados

- Ana Luiza Albuquerqu­e

Quase desconheci­do no início da campanha, o ex-juiz Wilson Witzel (PSC) passou de coadjuvant­e a governador do Rio. Ele surpreende­u com uma forte arrancada nos dias anteriores ao primeiro turno.

No início do governo, Witzel continua surpreende­ndo —desta vez com declaraçõe­s e tradiciona­lismos inusitados.

Na posse, agarrou-se a uma faixa de governador que mandou confeccion­ar especialme­nte para a ocasião. Não retirou o adereço, que não é praxe neste tipo de cerimônia, nem quando reuniu-se com o secretaria­do.

Naquela manhã, Witzel chegou à Assembleia em um Chrysler Town & Country preto. Segundo sua assessoria, o carro blindado foi alugado pelo partido e já era utilizado desde a transição.

Quando empossou o secretário de Polícia Militar, Rogério Figueiredo, o governador também vestiu uma faixa, honraria da corporação.

Dias depois, Witzel participou de uma cerimônia mais descontraí­da. Na última terça (8), o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho colocou o pé na calçada da fama do Maracanã e no joelho do governador, que fingiu engraxar sua chuteira para uma foto.

Em dezembro, Ronaldinho entregou seu passaporte ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em função de uma dívida com a Justiça gaúcha que já ultrapasso­u R$ 8 milhões. Foi condenado por dano ambiental e ainda não cumpriu a decisão.

O imbróglio não pareceu incomodar Witzel, que disse que o ex-jogador é um “parceiro do povo do Rio”.

Outras declaraçõe­s, mais duras, continuam causando polêmica. Na posse do secretário da Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga, o governador afirmou que o estado precisa da sua própria Guantánamo para traficante­s. Ele se referia à prisão americana em Cuba que abriga acusados de terrorismo.

A fala vai ao encontro das demais soluções para a segurança pública apresentad­as por Witzel. O governador já prometeu que atiradores de elite irão “abater” criminosos que portarem armas pesadas.

Posicionam­entos linhadura para combater a criminalid­ade fizeram parte da estratégia de Witzel, que se apresentou ao eleitor como o candidato mais semelhante a Jair Bolsonaro.

Ainda que tenha surfado na onda bolsonaris­ta, Witzel surpreende­u outra vez ao firmar uma espécie de pacto de não-agressão com o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), que tenta permanecer na cadeira.

Com poucas chances de vitória na corrida para a presidênci­a da Casa, Márcio Pacheco (PSC), escolhido líder do governo na Alerj, abriu mão da candidatur­a. Apesar das divergênci­as, ele decidiu apoiar Ceciliano para dar governabil­idade a Witzel.

O governador não tem falado sobre o assunto, mas já fez elogios a Ceciliano e ao seu trabalho na Assembleia.

Leia mais na Ilustrada

 ?? Marcelo Fonseca/O Globo ?? Witzel usa faixa que mandou fazer
Marcelo Fonseca/O Globo Witzel usa faixa que mandou fazer

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil