Rapaz virgem vira terapeuta sexual de colegas em nova série
Sex Education **** * Criadora: Laurie Nunn. Elenco: Gillian Anderson, Asa Butterfield, Emma Mackey. Disponível na Netflix
O protagonista de “Sex Education”, a nova versão do subgênero “adolescentes cheios de hormônios sem nenhuma experiência”, é Otis Milburn (Asa Butterfield, o menino dos olhos azuis de “A Invenção de Hugo Cabret”), um garoto de 16 anos que tem ataques de pânico quando tenta se masturbar e ainda nem sonha em perder a virgindade.
Ele é filho único de uma terapeuta especializada em sexo, Jean (Gillian Anderson, de “Arquivo X”, excelente), que repudia a ideia de ter uma relação estável. A liberdade total com que a mãe trata sua própria sexualidade, somada a uma casa toda decorada com falos e gravuras pornográficas (onde fica seu escritório, em que atende pacientes e faz workshops), além da falta de barreiras que ela tem no tratamento com o filho, são os maiores suspeitos para a travação de Otis.
Mas é na escola em que ele estuda que se concentra a maior parte das cenas. A minissérie em oito episódios de mais ou menos uma hora cada um começa no primeiro dia do ano letivo.
Otis e seu melhor amigo, um menino negro e abertamente gay, Eric (Ncuti Gatwa), parecem ser os únicos que não conseguem avançar no território sexual. Adam (Connor Swindells), ovalen tão da escola filho do diretorlinha dura, persegue Eric.
Sem nenhuma vivência de relacionamentos, Otis percebe que tem bons palpites para dar na vida dos outros a partir de um encontro com Adam no banheiro da escola, onde este tenta se esconder e se livrar de uma megaereção causada por três comprimidos de Viagra.
Adam tem um pênis imenso e não consegue gozar, o que frustra sua namorada. Toma as pílulas par atentar resolver o problema com amenina, ma sela não podeira o encontro. E, sem ver outra saída, pede ajuda a Otis no banheiro.
Ele conversa com o valentão e o acalma, e do episódio surge uma ideia, que ele compartilha com Maeve (Emma Mackey ), ameninam ais punk da turma e por quem ele tem uma queda. Os dois decidem então abrir um serviço de terapia sexual e sentimental para os alunos da escola com problemas na área.
Ela fica responsável por encontrar os clientes, marcar os encontros e cobrar pela consulta; dinheiro que os dois dividem no final. Se a premissa parece improvável, é porque é mesmo quase impossível pensar em adolescentes abrindo suas intimidades para o nerd virgem da escola.
Mas a série é tão bem roteirizada, atuada e dirigida que dá para acreditar que a situação poderia acontecer.
Depois de um começo nada promissor, logo a fama de Otis de ótimo conselheiro se espalha pelo colégio e ele se vê tratando de problemas tão diversos como o de uma garota que odeia seu corpo e só quer transar de luz apagada, um casal de lésbicas que não consegue sentir prazer no sexo e até o de um menino virgem que não tem problema nenhum com isso mas quer ser visto passando um tempo com Otis para fingir que já tem uma vida sexual.
Otis começa a ter uma agenda mais concorrida que sua mãe. Mas, ao mesmo tempo em que ajuda seus colegas, só complica a própria vida. Agora, além de não conseguir se masturbar, se apaixona perdidamente por sua parceira de clínica, e não é correspondido.
Ela tem um caso com o nadador-estrela da escola, Jackson (Kedar Williams-Stirling), mas não está disposta a ser namorada de ninguém.
Maeve tem uma vida mais difícil que a dos outros colegas, é a mais pobre da turma, mora sozinha em um trailer e não tem com quem contar. Acredita que um namorado, seja quem for, é apenas uma outra pessoa que vai decepcioná-la.
O que diferencia esse programa de outros do mesmo gênero é que, ainda que existam bullying, meninas más, atletas, a menina fácil, todos eles têm outros aspectos e mais profundidade que a maioria dos personagens apresentados com esses estereótipos em filmes ou seriados anteriores.
E, claro, tem o fator Netflix. Por não ser um produto de um canal de televisão, mas sim de um serviço de streaming, pode mostrar todo o sexo que quiser. E “Sex Education” usa e abusa desse direito.