Líder indígena relata suposto plano de assassinato
Um dos principais líderes indígenas do país, Rosivaldo Ferreira da Silva, o cacique Babau, 44, dos tupinambás de Olivença (BA), pediu ao governo da Bahia e ao Ministério Público Federal proteção para sua família, após ter recebido informações sobre um suposto plano de assassinatos no sul da Bahia.
Ele é líder na Terra Indígena Tupinambá, 47 mil hectares entre as cidades de Ilhéus, Una e Buerarema, onde vivem mais de 4.600 indígenas.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) delimitou a terra há dez anos, mas o processo de demarcação está parado desde 2016 à espera da publicação de portaria pelo Ministério da Justiça.
De acordo com uma fonte dos índios, reuniões em Itabuna (BA) entre fazendeiros e policiais civis e militares discutiram uma forma de incriminar falsamente índios com tráfico de drogas e inventar uma troca de tiros para matar três irmãos de Babau e duas sobrinhas.
Os índios seriam parados numa blitz, e drogas e armas seriam plantadas nos carros e divulgadas à imprensa local. O relato detalhado sobre a rotina deles convenceu Babau de sua veracidade.
“O que [a fonte] relatou é que é só uma cúpula de fazendeiros, bem pequena, com membros políticos com pessoas ligadas a PM e Polícia Civil”, disse Babau à Folha em Brasília, onde esteve para falar sobre a denúncia à Procuradoria-Geral da República e à delegação da União Europeia.
“A gente vive a vida toda sem fazer nada [errado] e na hora da morte vão dizer que você é traficante? Aí, não. Essa é a nossa revolta principal. É matar a pessoa duas vezes”, disse.
Babau lidera um movimento pela demarcação de terra indígena. Seus antepassados teriam sido os mesmos do primeiro contato com os portugueses em 1500.
Procurada, a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia, à qual Babau dirigiu um ofício sobre o assunto, não se manifestou.