Folha de S.Paulo

Depois de surtos, país vai perder certificaç­ão de livre do sarampo

- Natália Cancian

Agora é oficial: após um anos em conseguir interrompe­ra transmissã­o de sarampo, o Brasil vai perder o status de país livre da doença.

A informação foi confirmada pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (19), após o registro de um novo caso de sarampo no Pará, ocorrido em 23 de fevereiro. A data indica que a circulação de sarampo já completa mais de um ano no país, o que indica transmissã­o sustentada do vírus.

Com isso, a previsão é que o país perca o certificad­o internacio­nal de eliminação da doença. O reconhecim­ento havia sido concedido pela Opas (Organizaçã­o Panamerica­na de Saúde) em 2016.

O motivo era o baixo número de casos nos últimos anos, em geral vinculados a surtos importados de outros países.

Coma quedana cobertura vacinal, no entanto, o país voltou aficar suscetível ao sarampo. Os primeiros registros de um novo avanço da doença ocorreram em fevereiro de 2018, após mais de dois anos sem casos.

Em todo o ano passado, foram confirmado­s 10.326 casos, distribuíd­os em 11 estados: Amazonas (9.803), Roraima (361), Pará (79), Rio Grande do Sul (46), Rio de Janeiro (20), Sergipe (4), Pernambuco (4), São Paulo (3), Bahia (3), Rondônia (2) e Distrito Federal (1).

Destes, oito estados já tiveram o surto encerrado, segundo o ministério. Outros três, no entanto, ainda registram transmissã­o ativa do vírus: Amazonas, Roraima e Pará. De janeiro a março deste ano, foram confirmado­s 28 casos de sarampo nestes locais.

Com a perda do certificad­o, o Ministério da Saúde anunciou nesta terça (19) um conjunto de medida para aumentar os índices vacinais, interrompe­r a transmissã­o e, assim, retomar o status de país livre da doença.

Entre as ações, está a previsão de encaminhar ao Congresso um projeto para aumentar a exigência do certificad­o de vacinação nas escolas e no serviço militar. A medida, porém, não deve ser impeditiva à matrícula.

O governo também pretende reforçar o monitorame­nto da vacinação por meio de programas de integração de renda, caso do Bolsa Família, e entre profission­ais de saúde.

Outras ações planejadas são apoio a estados e municípios para ampliação do horário de funcioname­nto das salas de vacinação e a realização de uma campanha de multivacin­ação.

A pasta também prepara uma campanha publicitár­ia para estimular a vacinação contra o sarampo no Amazonas, Roraima e Pará. A campanha será veiculada em abril e chamará para a vacinação contra o sarampo crianças de seis meses a menores de cinco anos, público com baixa cobertura vacinal nos três estados.

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