Ciclone na África afeta 2,6 milhões e mata centenas
O ciclone e as enchentes que varreram o sudeste da África afetaram mais de 2,6 milhões de pessoas e causaram mais de 350 mortes, informaram autoridades locais nesta terça (19).
A situação pode ser considerada como um dos piores desastres relacionados ao clima já registrados no hemisfério Sul, segundo representantes da ONU.
O presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, disse que mais de 200 mortes já foram confirmadas no país e que o número pode chegar a mil.
O governo do Zimbábue confirmou outras 100 mortes e estimou que o número possa chegar a 300, enquanto o Malauí confirmou 56 vítimas.
Estudos de imagens de satélite mostram que 1,7 milhão de pessoas estavam na rota do ciclone em Moçambique e outras 920 mil foram afetadas no Malauí, segundo Herve Verhoosel, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos da ONU. Ele não citou dados sobre o Zimbábue.
Vários rios tiveram suas margens destruídas, o que gerou enchentes em grandes áreas, que agora estão acessíveis apenas por aviões, helicópteros ou barcos.Fortes chuvas precederam o ciclone, ampliando o problema, disse Clare Nullis, do setor de meteorologia da ONU. “Os piores temores se realizaram. Podemos dizer que esse é um dos piores desastres relacionados ao clima no hemisfério”, disse.
Em Beira, cidade de 500 mil pessoas em Moçambique, a água da enchente não tem para onde escoar, disse Nullis. “Isso não vai se resolver rapidamente”.
Equipes de resgate seguem buscando vítimas cinco dias após o ciclone Idai atingir a região com ventos de 170 km/h.
O ciclone atingiu a costa perto de Beira na quinta-feira (14), e seguiu pelo continente nos dias seguintes. Nesta terça, as fortes chuvas continuavam na região.
Grupos de resgate disseram que muitos sobreviventes estão presos em áreas remotas, cercados por estradas bloqueadas, prédios que desabaram e vilas submersas.
“Há um sentimento das pessoas em campo que o mundo ainda não percebeu de fato o quão severo foi esse desastre”, disse Mattew Cochrane, porta-voz da Cruz Vermelha Internacional, em Genebra. “O horror total, o impacto total só irá emergir nos próximos dias”, afirmou.
“Estamos trabalhando com a Nasa e a Agência Espacial Europeia para obter informações de satélite e ter uma visão completa das áreas afetadas e do número de pessoas presas lá”, disse Caroline Haga, também da Cruz Vermelha. .
“Devido ao tamanho dessas áreas, esperamos que o número de mortes aumente significativamente”, afirmou ela.
As pessoas ainda estavam presas nas áreas mais elevadas do país, disse Gerald Bourke, do Programa Mundial de Alimentos da ONU.