Alerta do Waze sobre crimes é alvo de críticas
Moradores e comerciantes de São Paulo reclamam que nova ferramenta do Waze tem provocado constrangimento e até prejuízo. Desde fevereiro, motoristas recebem alertas quando passam por ruas consideradas perigosas.
Não há, no entanto, explicação sobre como a empresa faz o mapeamento nem se existe embasamento em estatísticas oficiais. Após questionamento da reportagem, o serviço foi tirado do ar.
O consultor tributário Danilo Rocha, 30, mora há quatro anos na avenida Gabriela Mistral, na Penha, zona leste. Há cerca de dois meses, colocou seu apartamento à venda. Pelo corretor de imóveis, ficou sabendo que o Waze indicava a região como sendo propensa a crimes.
“Fiquei sem entender, é uma rua residencial e uma vizi- nhança muito antiga”, disse. Incomodado, ligou para a delegacia da região e descobriu que não havia nenhum registro de ocorrência recente na rua.
A ferramenta teve recepção positiva pelos motoristas de aplicativo. Fátima Vieira, 53, motorista do Uber, relata que amigos já foram assaltados e defende o serviço de alerta. “Dessa forma, se deixo um passageiro num bairro perigoso, desligo o aplicativo e vou embora direto, sem correr risco.”
Moradores relatam que os alertas de risco surgem principalmente em bairros mais afastados do centro, além de na região da cracolândia.
A Google, responsável pelo aplicativo, não divulgou informações sobre o mapeamento. O vereador José Police Neto (PSD), que negocia com a empresa uma prestação de informações na Câmara Municipal, disse à reportagem que desde o início de março são mais de 30 regiões indicadas.
O Waze informou à reportagem que recebeu “muitos comentários positivos” desde a implementação do recurso. No entanto, o serviço foi suspenso temporariamente, segundo a empresa, para analisar o retorno dos usuários a fim de aprimorá-lo. Não houve esclarecimento quanto à metodologia utilizada.