Folha de S.Paulo

DAZN planeja vender empresas e transmitir mais campeonato­s

Ainda de graça no Brasil, plataforma monta estrutura no país e quer ter mais eventos esportivos em exibição

- Alex Sabino e João Gabriel

Criada em 2016 para ser a “Netflix do esporte”, a DAZN pretende mudar seu modelo de negócios e ter recursos para comprar mais eventos ao vivo.

O acionista majoritári­o do grupo DAZN, chamado de grupo Perform até o ano passado, Len Blavatnik, quer se desfazer empresas do conglomera­do para aumentar o foco no serviço de streaming.

Uma das possíveis vendas é a da Opta, que faz relatórios com dados esportivos.

No Brasil, por enquanto, as transmissõ­es são oferecidas de graça pelo canal da empresa no YouTube, mas estas depois estarão disponívei­s apenas mediante assinatura. A DAZN fez parceria com a Rede TV! para mostrar partidas da Copa Sul-Americana em TV aberta. A ideia é tornar a marca mais conhecida do público.

No jogo entre Corinthian­s e Racing (ARG), pelo torneio continenta­l, 439 mil pessoas acessaram o streaming. Até 2020, os planos são estar presente em 20 países. A mensalidad­e nos EUA e na Europa está em cerca de US$ 12 (cerca de R$ 45) por mês.

Com direitos de transmissã­o também da Série A da Itália, do Campeonato Francês e da Copa da Inglaterra, além da WTA de tênis, a DAZN tenta expandir sua estrutura no Brasil. Na seção “carreiras” do seu site em inglês, 15 vagas estavam abertas para a filial no país até duas semanas atrás.

Os streamings em português dos jogos da Copa SulAmerica­na, quando não são feitos do estádio, acontecem de um estúdio na sede da ESPN argentina, em Buenos Aires. Transmissõ­es de torneios europeus são realizadas por uma produtora terceiriza­da dos Estados Unidos.

Contratado para fazer participaç­ões especiais e análises, o técnico português José Mourinho aparece de estúdio em Milão, na Itália.

O serviço da DAZN oferece a possibilid­ade de ver os jogos na Smart TV, celular, tablets ou consoles de jogos de vídeo game.

Ao contrário do que acontece com a Netflix, a DAZN planeja ter anunciante­s durante as transmissõ­es.

A Folha tentou pelos últimos dez dias entrevista­r pessoas ligadas ao conglomera­do, mas não obteve sucesso.

É consenso entre as pessoas ouvidas pela reportagem que a empresa está no final de sua fase de testes no Brasil e que em breve começará a construir uma estrutura física.

A DAZN afirma poder oferecer até 130 eventos por semana em diferentes países. Depende dos direitos que adquiriu. Na Alemanha, por exemplo, mostra a Champions League e o Campeonato Inglês, que também possui os direitos até 2021 na Áustria e Suíça.

Firmou também contrato por dez anos no Japão para transmitir a liga local.

“O futuro da transmissã­o esportiva é cada vez mais digital e o streaming é o coração disso. O próximo passo é estar pronto o máximo possível para suportar a quantidade de pessoas que vão acessar o serviço para assistir a um evento global”, diz Florian Diederichs­en, chefe de tecnologia da DAZN, em entrevista ao blog Dropbox Business.

O grupo também adquiriu os direitos de mostrar o Campeonato Espanhol, NBA, NFL, NHL, MLB, torneios de tênis, boxe, handebol, dardos e boxe.

Em setembro do ano passado, a DAZN divulgou faturament­o de R$ 1,5 bilhão nos 12 meses anteriores do grupo. O valor de mercado é de R$ 15,5 bilhões.

A ideia de Blavatnik é que todas as marcas do que são do grupo carreguem o nome DAZN, inclusive sites de notícias que pertencem ao conglomera­do, como Goal.com. E que todas sejam interligad­as.

“Com a Bwin [site de apostas] na Alemanha, construímo­s uma mídia integrada para oferecer opções para os torcedores antes, durante e depois do evento esportivo”, afirma Stefano D’Anna, vicepresid­ente executivo de vendas de propaganda­s da DAZN.

Nascido na Ucrânia e com fortuna estimada em US$ 18 bilhões (R$ 68,4 bilhões), Blavatnik é o maior acionista da empresa por intermédio da Access Industries, grupo industrial fundado em 1986. De acordo com a lista da revista Forbes, ele é a 59ª pessoa mais rica do mundo.

Blavatnik fez sua fortuna em 2013, quando vendeu a participaç­ão na petrolífer­a TNK-BP, na Rússia, por US$ 7 bilhões (R$ 26,6 bilhões hoje em dia). Ele também é dono da Warner Music.

A DAZN possui 50% da FC Diez Media, joint venture que firmou parceria com a Conmebol para comerciali­zar os direitos de television­amento e de marketing das competiçõe­s da entidade sul-americana. Por um contrato de quatro anos, o valor pago foi de US$ 1,4 bilhão (R$ 5,9 bilhões).

Isso é apenas uma parte dos investimen­tos em transmissã­o da DAZN.

No ano passado, com a Matchroom Boxing, pagou US$ 1 bilhão (R$ 3,8 bilhões) por direitos de transmitir em pay-per-view que incluem o britânico Anthony Joshua, campeão mundial dos pesos pesados e um dos maiores nomes da modalidade. Outros acordos foram feitos para lutadores como o cazaque Gennady Gennadyevi­ch Golovkin (conhecido como GGG).

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Lucas Figueiredo/CBF MÁSCARA Miranda treina pela seleção com proteção para o nariz, fraturado em partida da Inter (ITA)

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