Causos e boas histórias marcam as composições dos hinos do Paulista
Hino cantado pelo torcedor rival, letra composta durante o despejo da própria casa. De histórias como essas partem os hinos que representam os 16 clubes que disputam a Série A1 do Campeonato Paulista.
Cada canção carrega uma curiosidade ou causo sobre sua composição. Histórias que, às vezes, nem os próprios torcedores conhecem.
A Folha traz algumas delas neste especial sobre os hinos do Paulista, que pode ser conferido na íntegra no site.
O compositor do interior
O que Bragantino, Ferroviária, Ituano e Ponte Preta têm em comum? Os hinos desses quatro clubes foram escritos pela mesma pessoa.
Jornalista e compositor, Renato Silva, que morreu em 1999, entrou para a história do futebol paulista como uma espécie de Lamartine Babo caipira, em alusão ao compositor carioca responsável pelos hinos do Rio.
O primeiro hino que Silva compôs foi o da Ponte Preta. A canção “Raça de Campeã” se popularizou com a Torcida Jovem e foi oficializada pelo clube como hino em 1979. Em 1983, Silva lançou “Exaltação à Ferroviária de Araraquara”, como homenagem à presença da equipe na Taça de Ouro, equivalente à Série A do Brasileiro. A música foi adotada pelo clube.
A letra do hino do Bragantino também é de autoria do jornalista. A diretoria do time encomendou a canção ao jornalista em 1988, em razão da chegada da equipe à primeira divisão estadual.
Silva também é responsável pela composição do hino do Ituano, mas nem o próprio clube sabe ao certo o ano de lançamento.
Campeão dos campeões
O hino do Corinthians, de Lauro D’Ávila e Edmundo Russomanno, apareceu pela primeira vez em 1952, em disco que não foi comercializado. “Campeão dos Campeões” caiu no gosto da torcida e foi repetidamente cantada após o título paulista de 1954.
Acabou adotada pelo clube no lugar de outra canção, chamada “Corinthians”, oferecida ao presidente Felipe Collona, que geriu o clube entre 1929 e 1930. Tinha letra de Eduardo Dohmen e música de La Rosa Sobrinho.
Torcida que canta e vibra
Entoado em coro pela torcida quando o time joga em casa, o hino palmeirense foi composto em 1949. A ironia é que ele foi cantado pela primeira vez por um corintiano, segundo o compositor Antonio Sergi. “Quem cantou o hino foi Alberto Marino. Ele era [corintiano]. Mas era meio parente meu”, disse à Jovem Pan, em 2003, pouco antes de morrer, aos 90 anos.
Nascido na Itália e naturalizado brasileiro, Sergi foi maestro compositor e regente da orquestra ítalo-brasileira. Sem o hábito de escrever letras, quando fazia isso costumava assinar a obra com o pseudônimo Gennaro Rodrigues, como aconteceu quando criou o hino palmeirense.
Alvinegro da Vila Belmiro
O hino do Santos foi desconhecido por muitos anos pela maioria dos torcedores. Isso por causa do sucesso de “Leão do Mar”, marchinha composta por Mangeri Neto e Mangeri Sobrinho e popularizada após a conquista do título paulista de 1955.
A canção hoje reconhecida como hino oficial foi composta em 1957 por Carlos Henrique Paganetto Roma, filho do ex-presidente Modesto Roma e irmão do também ex-presidente Modesto Roma Júnior. “Sou Alvinegro da Vila Belmiro” sempre foi considerado o verdadeiro hino pelo conselho deliberativo, mas a homologação só aconteceu em 1996, graças a uma proposta do conselheiro Júlio Teixeira Nunes.
Salve o Tricolor paulista
A primeira versão do hino são-paulino foi composta por Porphyrio da Paz (19031983) em 1936. Tenente do Exército e dirigente do tricolor, fez a composição em meio a um período difícil. Investia muito dinheiro no clube, o que acabou deixando-o endividado, ocasionando no despejo da própria casa.
“Quando fui avisado da perda da casa, fiquei desolado. Mas o amor pelo São Paulo foi maior e, em vez de desistir, comecei a cantarolar: ‘Salve o Tricolor paulista’ e compus o hino. Foi cantando o hino que eu e minha família deixamos nossa casa.”, disse o ex-dirigente, em frase destacada pelo site oficial do São Paulo. CONFIRA O ESPECIAL DOS HINOS DO PAULISTA folha.com/hinos