Folha de S.Paulo

Não Proibir? Por quê?

Ter porte é dar ao brasileiro chance de se defender

- Lívia Serri Francoio Delegado Waldir Deputado federal (GO) e líder do PSL na Câmara; delegado licenciado da Polícia Civil de Goiás

Alguns especialis­tas vinculam o acesso à arma de fogo ao aumento da criminalid­ade e ao número de assassinat­os. Uma visão que me parece pouco sensata. Em países desenvolvi­dos, onde é adotada uma política menos restritiva à posse e ao porte de armas de fogo, as taxas de homicídios são inferiores às do Brasil, que até ontem não garantia, com critérios objetivos, nem o direito à posse de arma.

A arma de fogo é um objeto e, assim como a faca, o carro, o martelo, a tesoura e a gasolina, depende da vontade humana para causar a morte. Quem mata são pessoas! A posse de nenhum desses itens deve ser questionad­a.

Imagine impedir uma dona de casa de ter uma faca em sua cozinha por conta do aumento de mortes com esse tipo de objeto. Seria um absurdo! O que precisamos mesmo é discutir sobre a ação de matar, e quais são os fatores decisivos para diminuir o número alarmante de mortes em nosso país.

As mortes não acontecem em razão da posse da arma legalizada, mas pela falta uma educação de qualidade, de um emprego justo e uma vida digna, que são acessíveis a uma pequena parcela dos brasileiro­s.

Mata-se em razão da impunidade, pela falta de um sistema prisional punitivo, pela criação da audiência de custódia em que o bandido é privilegia­do com a liberdade. Vivemos em um país onde o dogma não é a punição, mas a proteção dos que cometem crimes.

Nosso presidente, Jair Bolsonaro, cumpriu a proposta de campanha e assinou o decreto que facilita a posse de arma. Chegou a hora de falarmos em porte. O bandido já tem esse direito e anda livremente nas ruas com o seu armamento. No ano passado, aprovamos na Câmara Federal um projeto para aumentar a pena e tornar crime hediondo o porte ilegal de fuzis e armas de uso restrito.

No entanto, desde a lei, sancionada em outubro, quantos criminosos abandonara­m suas armas? Os criminosos não se intimidam com aumento de pena, isso é fato.

Em governos para os quais a defesa dos direitos humanos era mais importante que a proteção à vida, foi feito de tudo, até ir contra um plebiscito, para implantar a lei do desarmamen­to no Brasil. A justificat­iva é sempre a mesma: a de evitar o aumento da criminalid­ade.

Usando um bom ditado popular, e bem propício ao tema, afirmo: o tiro saiu pela culatra. O último Atlas da Violência, divulgado pelo Ipea, registrou mais de 62 mil mortes violentas, sendo 43 mil causadas por armas de fogo. E de onde vieram todas essas armas? Elas vieram do contraband­o ou de outra origem ilícita. Os criminosos têm livre acesso a elas, que entram no Brasil por terra, água e ar. As únicas dificuldad­es para conseguir uma arma de fogo em nosso país são as impostas pelo Estado, ao cidadão de bem.

O Brasil é um país continenta­l, e nossas forças de segurança fazem até mais do que podem, com ações operaciona­is e de inteligênc­ia; porém, nem sempre é possível garantir o direito à vida, à propriedad­e privada e ao patrimônio, principalm­ente em áreas rurais, nos Pampas, na Amazônia, nas fronteiras.

E como fica o cidadão? Dar a um pai de família o direito ao porte de uma arma de fogo não quer dizer que ele vai substituir a polícia. Falo logo antes de ser execrado pelas grandes vozes desarmamen­tistas; pelo contrário, é uma união de forças, é dar ao brasileiro a chance de se defender. Por isso, ter o porte de arma, desde que respeitado­s os critérios legais, é ter o direto à vida.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil