Procuradoria quer apurar mais tentativa frustrada de depósito
Um dos episódios que serviram de base para o pedido de prisão de Temer e seus aliados foi uma suposta tentativa de depósito de R$ 20 milhões em espécie em outubro passado em uma conta da Argeplan, empresa do coronel João Baptista Lima Filho.
Segundo o Ministério Público Federal, a agência onde ocorreu a tentativa de movimentação fica na zona oeste de São Paulo, perto da sede da empresa.
O episódio é pouco explicado no documento, que reproduz um relato do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão que tem entre as suas funções prevenir crimes financeiros.
A comunicação do Coaf afirma que o depósito foi recusado pela agência, “sendo que na abordagem foi solicitado ao portador a comprovação da origem dos valores para recebimento e reativação da conta, em atendimento à legislação”.
“O portador, que não se identificou, se retirou da agência e não obteve êxito na realização do depósito”, diz o relatório do Coaf.
O próprio Ministério Público afirma no pedido de prisão que vai pedir mais informações sobre o assunto.
Uma tentativa de depósito de origem ilegal nesse volume é inusitada pelo risco envolvendo a operação, que pode ser facilmente detectada por órgãos de controle.
Ainda assim, o caso foi citado também em entrevista coletiva, após a prisão de Temer, para reforçar o conjunto de suspeitas contra o ex-presidente. “Um fato extremamente recente, que aconteceu depois até da prisão temporária do coronel Lima, que havia sido preso em abril de 2018. Claro que esse fato precisa ser mais bem aprofundado, mas é um indicativo de que a organização criminosa continua atuando”, disse a procuradora Fabiana Schneider.
Para se ter dimensão do volume em dinheiro vivo, R$ 20 milhões equivalem a 40% da quantia encontrada em Salvador atribuída ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, em 2017.
Fotos feitas pela PF na operação contra Geddel mostravam aquele valor acomodado em ao menos sete caixas grandes e oito malas em um apartamento na capital baiana. O caso permanece como a maior apreensão de dinheiro em espécie feita pela PF.