Lei é para todos, afirma Mourão sobre prisão
Em Porto Alegre, general declarou que detenção de Temer é importante para o amadurecimento da democracia
O presidente interino enquanto Jair Bolsonaro (PSL) cumpre agenda no Chile, o general Hamilton Mourão (PRTB) disse que a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) “é importante para o amadurecimento da democracia” e que “lei está finalmente se fazendo valer”.
A declaração foi dada na manhã desta sexta-feira (22) em pronunciamento à imprensa no Palácio Piratini, em Porto Alegre, após reunião com o governador Eduardo Leite (PSDB). Ele não respondeu perguntas dos jornalistas.
“A lei deve ser aplicada para todos. Apesar de ser muito triste um ex-presidente da República condenado [Lula] e outro ex-presidente preso preventivamente [Temer], o que salta aos olhos de todos brasileiros é que a lei finalmente está se fazendo valer. É importante para o amadurecimento da democracia e para o nosso próprio amadurecimento como cidadãos brasileiros”, disse Mourão.
Embora tenha dito que a prisão é importante, o general falou na última quinta-feira (21) que Temer deve ser solto “daqui a pouco” com um habeas corpus de “um ministro qualquer”.
Também na quinta, Mourão afirmou que a operação contra o ex-presidente gera um “ruído” na relação com o Congresso e que o governo tem “preocupação total” em garantir a base necessária para aprovação da proposta.
“A preocupação é total [com base] e nós vamos ter que trabalhar lá dentro do Congresso. É a conquista de corações e mentes”, disse Mourão ao deixar o Palácio do Planalto.
“Tem ruído, vai ficar esse ruído, mas vamos aguardar, daqui a pouco pode ser que ele seja solto. Vamos ver o que vai acontecer”, disse.
Como mostrou reportagem da Folha, a ação da Lava Jato do Rio gerou forte repercussão na Câmara dos Deputados e levou o Palácio do Planalto a montar uma estratégia de blindagem de Bolsonaro para evitar o seu envolvimento na atual crise política.
Em uma tentativa de se manter longe do episódio, que se tornou mais um capítulo na queda de braço entre Legislativo e Judiciário, o presidente evitou fazer juízo de valor sobre a prisão de seu antecessor e defendeu que “cada um responda pelos seus atos”.
“O que levou a essa situação, parece, foram os acordos políticos em nome da governabilidade, mas a governabilidade você não faz com esse tipo de acordo. No meu entender, vo- cê faz chamando pessoas sérias e competentes para integrar o seu governo, como eu fiz”, afirmou Bolsonaro ao desembarcar no Chile na quinta para visita oficial ao presidente Sebastián Piñera.
Mais tarde, o presidente fez uma transmissão ao vivo em redes sociais (a terceira como presidente), falou em “prisões de autoridades”, mas sem citar o nome de Temer.
Nesta sexta em Porto Alegre, questionado sobre quando o Brasil “será um país de ordem e progresso”, no momento destinado às perguntas da plateia, Mourão respondeu: “Tem um cidadão que mora lá nos Estados Unidos, o Olavo de Carvalho, todos os dias ele me xinga. Ele é astrólogo, viu. Astrólogo da Virgínia [estado onde vive]. Tenho que passar pra ele essa bola de cristal”.
Na reunião com o governador gaúcho, Mourão também discutiu a reforma da Previdência, a duplicação da BR116 e o Regime de Recuperação Fiscal.
“Todo o país é uma corrente, os elos dessa corrente são os estados que a compõe. Nenhum estado pode estar em dificuldade. Compete ao governo federal auxiliar os estados em dificuldade”, falou.
Mourão também participou de um encontro com empresários na Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), onde disse que Bolsonaro é “um estadista” e não se preocupa com reeleição.
“Jair Bolsonaro nunca será uma ameaça para a democracia, tem compromisso firme com a garantia dos direitos constitucionais”, acrescentou.
O presidente do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), o juiz federal Thompson Flores, estava presente no evento. Mourão destacou na sua fala, mais de uma vez, a amizade com o magistrado.
Apesar de ser muito triste um ex-presidente da República condenado [Lula] e outro expresidente preso preventivamente [Temer], o que salta aos olhos de todos brasileiros é que a lei finalmente está se fazendo valer general Hamilton Mourão presidente interino