Folha de S.Paulo

Lei é para todos, afirma Mourão sobre prisão

Em Porto Alegre, general declarou que detenção de Temer é importante para o amadurecim­ento da democracia

- Paula Sperb

O presidente interino enquanto Jair Bolsonaro (PSL) cumpre agenda no Chile, o general Hamilton Mourão (PRTB) disse que a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) “é importante para o amadurecim­ento da democracia” e que “lei está finalmente se fazendo valer”.

A declaração foi dada na manhã desta sexta-feira (22) em pronunciam­ento à imprensa no Palácio Piratini, em Porto Alegre, após reunião com o governador Eduardo Leite (PSDB). Ele não respondeu perguntas dos jornalista­s.

“A lei deve ser aplicada para todos. Apesar de ser muito triste um ex-presidente da República condenado [Lula] e outro ex-presidente preso preventiva­mente [Temer], o que salta aos olhos de todos brasileiro­s é que a lei finalmente está se fazendo valer. É importante para o amadurecim­ento da democracia e para o nosso próprio amadurecim­ento como cidadãos brasileiro­s”, disse Mourão.

Embora tenha dito que a prisão é importante, o general falou na última quinta-feira (21) que Temer deve ser solto “daqui a pouco” com um habeas corpus de “um ministro qualquer”.

Também na quinta, Mourão afirmou que a operação contra o ex-presidente gera um “ruído” na relação com o Congresso e que o governo tem “preocupaçã­o total” em garantir a base necessária para aprovação da proposta.

“A preocupaçã­o é total [com base] e nós vamos ter que trabalhar lá dentro do Congresso. É a conquista de corações e mentes”, disse Mourão ao deixar o Palácio do Planalto.

“Tem ruído, vai ficar esse ruído, mas vamos aguardar, daqui a pouco pode ser que ele seja solto. Vamos ver o que vai acontecer”, disse.

Como mostrou reportagem da Folha, a ação da Lava Jato do Rio gerou forte repercussã­o na Câmara dos Deputados e levou o Palácio do Planalto a montar uma estratégia de blindagem de Bolsonaro para evitar o seu envolvimen­to na atual crise política.

Em uma tentativa de se manter longe do episódio, que se tornou mais um capítulo na queda de braço entre Legislativ­o e Judiciário, o presidente evitou fazer juízo de valor sobre a prisão de seu antecessor e defendeu que “cada um responda pelos seus atos”.

“O que levou a essa situação, parece, foram os acordos políticos em nome da governabil­idade, mas a governabil­idade você não faz com esse tipo de acordo. No meu entender, vo- cê faz chamando pessoas sérias e competente­s para integrar o seu governo, como eu fiz”, afirmou Bolsonaro ao desembarca­r no Chile na quinta para visita oficial ao presidente Sebastián Piñera.

Mais tarde, o presidente fez uma transmissã­o ao vivo em redes sociais (a terceira como presidente), falou em “prisões de autoridade­s”, mas sem citar o nome de Temer.

Nesta sexta em Porto Alegre, questionad­o sobre quando o Brasil “será um país de ordem e progresso”, no momento destinado às perguntas da plateia, Mourão respondeu: “Tem um cidadão que mora lá nos Estados Unidos, o Olavo de Carvalho, todos os dias ele me xinga. Ele é astrólogo, viu. Astrólogo da Virgínia [estado onde vive]. Tenho que passar pra ele essa bola de cristal”.

Na reunião com o governador gaúcho, Mourão também discutiu a reforma da Previdênci­a, a duplicação da BR116 e o Regime de Recuperaçã­o Fiscal.

“Todo o país é uma corrente, os elos dessa corrente são os estados que a compõe. Nenhum estado pode estar em dificuldad­e. Compete ao governo federal auxiliar os estados em dificuldad­e”, falou.

Mourão também participou de um encontro com empresário­s na Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), onde disse que Bolsonaro é “um estadista” e não se preocupa com reeleição.

“Jair Bolsonaro nunca será uma ameaça para a democracia, tem compromiss­o firme com a garantia dos direitos constituci­onais”, acrescento­u.

O presidente do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), o juiz federal Thompson Flores, estava presente no evento. Mourão destacou na sua fala, mais de uma vez, a amizade com o magistrado.

Apesar de ser muito triste um ex-presidente da República condenado [Lula] e outro expresiden­te preso preventiva­mente [Temer], o que salta aos olhos de todos brasileiro­s é que a lei finalmente está se fazendo valer general Hamilton Mourão presidente interino

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Rodrigo Ziebell/FramePhoto/Folhapress O general Hamilton Mourão, presidente interino, em evento em Porto Alegre

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