Folha de S.Paulo

Consórcio de distribuid­oras leva 4 portos por R$ 219,5 mi

Raízen, Ipiranga e BR deverão fazer investimen­tos de mais R$ 200 mi, que incluem construir terminal de Vitória

- TH

Um consórcio formado pelas distribuid­oras de combustíve­is Raízen, Ipiranga e BR Distribuid­ora venceu o leilão de portos realizado nesta sexta (22), em São Paulo. O grupo arrematou os quatro terminais ofertados —três na Paraíba e um em Vitória— e deverá investir R$ 199 milhões nos próximos 25 anos.

O valor de outorga à União é de R$ 219,5 milhões.

O principal ativo era o terminal de Vitória, que receberá R$ 128 milhões de investimen­tos para ser construído. Ao contrário do que esperavam analistas, não houve competição, e a oferta do consórcio, de R$ 165 milhões, foi a única apresentad­a.

O grupo levou também três terminais de combustíve­is no porto de Cabedelo (PB), nos quais serão investidos R$ 71,5 milhões. A outorga para expandi-los e operá-los por 25 anos foi de R$ 54,5 milhões.

Esses ativos eram tidos como menos atrativos, mas em dois deles houve concorrênc­ia do grupo Teapa (Terminais de Armazenage­m Paraíba), que já atua no porto. Em uma das disputas no viva-voz, a proposta de outorga subiu de R$ 20 milhões para R$ 30,5 milhões.

O valor oferecido ao governo foi bem mais baixo do que nos últimos leilões de infraestru­tura, em que os pagamentos chegaram à casa dos bilhões. No leilão desta sexta, o mínimo exigido era de R$ 1.

O motivo é que foram priorizado­s investimen­tos nas áreas em lugar de arrecadaçã­o, segundo o ministro de Infraestru­tura, Tarcísio de Freitas.

“Os terminais têm caracterís­tica própria em razão da desvertica­lização. A gente faz o leilão para o investimen­to acontecer”, afirmou.

Os investimen­tos no porto de Vitória deverão resolver problemas do Espírito Santo, que hoje sofre até com desabastec­imento. No caso de Cabedelo, serão feitos investimen­tos há tempos represados, segundo Nilton Gabardo, diretor da Raízen.

A empresa já era operadora de um dos terminais no porto e teve seu contrato finalizado recentemen­te. Os demais eram da Petrobras.

Antes do leilão, a companhia chegou a tentar impedir a licitação, para pleitear uma indenizaçã­o de R$ 909 mil por investimen­tos feitos na área que não teriam sido amortizado­s. Uma liminar chegou a ser obtida, mas foi derrubada pelo governo a tempo do leilão.

Questionad­o sobre a disputa, o representa­nte da Raízen indicou que, com a vitória, a empresa poderia optar por priorizar novos investimen­tos.

O leilão desta sexta foi o primeiro de uma série de concorrênc­ias previstas na área de portos. Em 5 de abril haverá nova rodada, que vai ofertar seis áreas no Pará —cinco em Belém e uma em Vila do Conde—, com investimen­to previsto de R$ 400 milhões.

Além disso, há planos de lançar em abril o edital de mais três terminais, sendo dois no porto de Santos e outro no de Paranaguá, com investimen­tos de outros R$ 400 milhões.

Em relação à privatizaç­ão de companhias docas, plano anunciado pelo governo federal, os prazos são maiores.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil