Folha de S.Paulo

Risco em barragem da Vale faz Defesa Civil de MG acionar sirenes

- Fernanda Canofre

A Vale aumentou o nível de risco de uma barragem de rejeitos na mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (a 100km de Belo Horizonte), nesta sexta-feira (23). A estrutura foi colocada em nível 3, que significa de ruptura iminente ou já ocorrendo.

A alteração foi comunicada às autoridade­s na tarde de sexta, depois que uma empresa contratada pela mineradora para fazer auditoria independen­te informou da condição crítica de estabilida­de da estrutura. “Esse risco de rompimento é real, uma vez que a empresa atestou isso para a Vale e a Vale informou à Defesa Civil”, afirma o tenente coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil de Minas Gerais.

Por volta das 21h30, foram acionadas sirenes de alerta na região da chamada zona de autossalva­mento (ZAS), a primeira a ser atingida em caso de rompimento. A população que vive abaixo da barragem já foi removida do local no dia 8 de fevereiro, depois que a estabilida­de da estrutura não pôde ser atestada.

Segundo a Defesa Civil, a preocupaçã­o é com as pessoas que estão na chamada zona secundária, a cerca de 10 km ou 30 minutos de chegada da lama. A estimativa é que haja 3.000 residência­s na área, onde as pessoas terão de ser treinadas para onde se deslocar em caso de ruptura.

Sete viaturas do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Minas Gerais foram enviadas ao município e ficarão de prontidão, caso ocorra alguma alteração na situação, e as pessoas tenham que ser removidas. A medida é para garantir que os policiais possam retirar os moradores de forma organizada e sem pânico.

“Se essa lama chegar ao centro de Cocais, tem potencial de inundação, de danos, de colapso de residência, precisamos fazer esse treinament­o de forma consciente”, afirma o tenente coronel.

Em nota, a Vale disse que “continua adotando uma série de medidas preventiva­s para aumentar a condição de segurança de suas barragens”. Ela lembra que a estrutura em Cocais é uma das dez barragens a montante inativas remanescen­tes, que faz parte do plano de descaracte­rização anunciado pela empresa.

Ainda segundo a mineradora, há 442 moradores de Barão de Cocais alocados em moradias provisória­s, hotéis, pousadas ou casa de amigos e parentes, por causa da situação na mina de Gongo Soco.

Em relatos à Promotoria, moradores disseram que a remoção durante a madrugada “ocorreu de forma abrupta e assustador­a, causando pânico nos moradores das localidade­s, que deixaram os pertences nos locais evacuados”.

Vinte dias depois, uma decisão da Justiça em Barão de Cocais determinou o bloqueio de R$ 50 milhões da Vale, para ressarcir os prejuízos decorrente­s da remoção.

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