Cai último reduto do Estado Islâmico na Síria
Aliadas dos EUA, milícias curdas e árabes anunciam tomada do vilarejo de Baghuz, onde terroristas estavam confinados
baghuz (síria) e são paulo As Forças Democráticas da Síria (FDS), coalizão de milícias curdas e árabes apoiada militarmente pelos EUA, anunciaram na manhã deste sábado (23) a tomada de Baghuz, último vilarejo controlado pelo Estado Islâmico no país árabe, na fronteira com o Iraque.
“Este é um grande momento não apenas para nós mas para todo o mundo”, disse Kino Gabriel, porta-voz das FDS. “Mas não podemos dizer que o EI está acabado. É verdade que eles estão acabados no chão como um exército permanente. Mas a ameaça do EI permanece em todo o mundo.”
Baghuz é um pequeno aglomerado de aldeias e fazendas às margens do rio Eufrates, no extremo leste da Síria. Lá, a coalização encontrou bombas, coletes para ataques suicidas e silenciadores de armas.
Os combates em Baghuz se no início deste ano, à medida que os militantes do EI recuavam diante do avanço das tropas. Já no fim do cerco, os terroristas estavam confinados a um bairro.
Nos últimos quatro meses, pelo menos 40 mil pessoas de várias nacionalidades deixaram o último reduto do EI na Síria, sob a escolta das FDS.
Na cerimônia televisionada da tomada de Baghuz, o comando-geral das Forças Democráticas da Síria pediu ao governo do ditador sírio, Bashar al-Assad, que reconheça a administração autônoma dos curdos nas áreas controladas por eles no nordeste do país.
O anúncio deste sábado (23) põe fim, na prática, ao califado proclamado em junho de 2014 pelo líder da facção, Abu Bakr al-Baghdadi —o paradeiro do terrorista iraquiano, que já chegou a ser dado como morto, é desconhecido.
Desde o início do avanço da organização terrorista na cidade de Kobani, na fronteira com a Turquia, no início de 2015, as FDS lutam no norte e no leste da Síria, com apoio da coalizão liderada pelos EUA.
O Estado Islâmico atraiu gente do mundo todo e, no auge de sua expansão, controlou, no Iraque e na Síria, área equivalente ao estado de São Paulo. Cidades importantes, como Mossul, a segunda maior do Iraque, ficaram sob jugo da milícia, que impôs um regime de perseguição a não muçulmanos e outras minorias.
Apesar da perda completa de território da organização, a coalizão ainda vê o EI como ameaça. “Não podemos dizer que o EI está acabado. Eles estão acabados como exército permanente. Mas a ameaça do EI permanece”, disse Gabriel.
Uma das preocupações é a capacidade de o Estado Islâintensificaram mico influenciar indivíduos dispostos a praticar atentados no Ocidente, algo difícil de ser combatido. “Embora este seja um marco na luta contra o EI, entendemos que o nosso trabalho está longe de ser finalizado”, disse o secretário de Defesa dos EUA, Patrick Shanahan, em comunicado.
Já o presidente Donald Trump disse que os EUA “continuarão alertas”. “Eu me alegro ao anunciar que, junto com os nossos parceiros da coalizão internacional, os EUA libertaram todo o território controlado pelo EI na Síria e no Iraque, 100% do califado. Em algumas ocasiões estes covardes ressurgirão. Perderam todo o prestígio e poder. São perdedores e sempre serão.”
Trump ainda fez uma ameça: “Para todos os jovens que acreditam na propaganda do EI na internet, a morte os espera caso se juntem a eles”.
Assim não está claro quando os EUA pretendem retirar por completo suas tropas da Síria, promessa feita por Trump. E os desafios para garantir a estabilidade da região persistem. Há, por exemplo, o conflito entre as milícias curdas e a vizinha Turquia, que as considera terroristas.