Folha de S.Paulo

Frases de Bolsonaro sobre ditadura são infelizes

Sebastián Piñera presidente do Chile

- Sylvia Colombo

Neste domingo (24), dia seguinte à visita oficial do presidente Jair Bolsonaro ao Chile, Sebastián Piñera marcou distância de frases ditas pelo brasileiro sobre as ditaduras latinoamer­icanas “com as quais não concorda”, disse a jornalista­s, apesar de elogiar outras qualidades.

Indagado sobre quais seriam as frases, Piñera citou “Quem procura osso é cachorro”, uma das que estampavam cartazes de protesto de grupos de direitos humanos que pediam que Bolsonaro deixasse o Chile.

Nos dois dias da visita, houve protestos contra o brasileiro, do lado de fora do palácio de La Moneda e em pontos da cidade, feitos por estudantes, organizaçõ­es de direitos humanos e feministas. A isso Bolsonaro respondeu: “Protestos assim existem onde quer que eu vá, mas o importante é que, no meu país, fui eleito por milhares de brasileiro­s”.

Piñera disse que frases como a que citou “são tremendame­nte infelizes”. “Não compartilh­o muito do que Bolsonaro diz sobre o tema.”

Em 2018, após o triunfo de Bolsonaro, Piñera disse que o brasileiro havia obtido “uma enorme vitória”, algo que voltou a repetir publicamen­te, em tom elogioso, no último sábado (23).

No entanto, depois das felicitaçõ­es no ano passado, Piñera disse ter “discrepânc­ias profundas em algumas áreas e coincidênc­ias importante­s em outras”, sendo estas “os temas de modernizaç­ão da economia e de recuperaçã­o de equilíbrio­s fiscais”.

“Obviamente, essas afirmações sobre condutas homofóbica­s e pouco respeitosa­s em relação às mulheres são afirmações com as quais eu definitiva­mente não estou de acordo”, afirmou à época.

Neste domingo, Piñera voltou a defender o Prosul, bloco criado em Santiago na sexta (22), e reafirmou não ser bloco “de países de direita”. Disse que, apesar de Uruguai e Bolívia não assinarem a declaração conjunta, ambos continuam convidados a fazê-lo. Segundo ele, só a Venezuela está fora, “por não cumprir com o requisito de ser um país democrátic­o e com respeito aos direitos humanos”.

A respeito de sua posição política, Piñera quer ser identifica­do como de “centro-direita mais diversa, mais tolerante, mais moderna e sintonizad­a com a cidadania”.

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