Folha de S.Paulo

Com prisão de Temer, Lava Jato do Rio retoma linha de investigaç­ão parada

Força-tarefa fluminense vinha se concentran­do em apurações que envolviam Sérgio Cabral (MDB)

- Daniel Mariani e Fábio Takahashi

A prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) na quinta-feira (21) marcou a retomada da Lava Jato do Rio de Janeiro em um núcleo de investigaç­ão que estava praticamen­te parado desde 2016.

Nos últimos dois anos, os procurador­es da força-tarefa fluminense e o juiz federal Marcelo Bretas vinham se concentran­do nas acusações envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

Criada em 2016, a força-tarefa da Lava Jato no Rio é responsáve­l por 44 processos penais, com 296 denunciado­s.

Cabral foi denunciado 29 vezes —é o mais presente nessas ações do Ministério Público Federal no Rio.

A denúncia é o estágio em que os procurador­es acusam formalment­e os investigad­os. A Justiça pode acatar ou não.

As denúncias contra o exgovernad­or são variadas. Em uma delas, Cabral já foi condenado por ter recebido propina por obras no estado (expansão do metrô, reforma do Maracanã, PAC Favelas e outros). Também foi condenado por lavagem de dinheiro. Ele está preso desde 2016.

Essas investigaç­ões vinham sendo o foco da Lava Jato no Rio até a semana passada, quando a Justiça acatou pedido do Ministério Público para prender Temer, o ex-ministro Moreira Franco e mais oito.

Todos são suspeitos de participar de um esquema de corrupção na construção da usina nuclear de Angra 3.

A análise dos denunciado­s até agora, nas diversas ações da Lava Jato do Rio, indica que esse grupo de acusados não tem ligação com as investigaç­ões que envolvem Cabral. Os denunciado­s por suposta corrupção na usina não aparecem nos demais processos.

Esse braço de investigaç­ão que envolve Temer foi alvo da primeira ação da Lava Jato no Rio, em 2016, num desdobrame­nto de Curitiba.

À época, o ex-presidente ainda não havia sido mencionado. Mas já havia denúncia contra um personagem central nessa investigaç­ão, o ex-presidente da Eletronucl­ear, es- tatal responsáve­l por Angra 3, Othon Luiz Pinheiro da Silva.

Segundo os procurador­es, Othon era uma pessoa da confiança de Temer e garantia o esquema de corrupção. O expresiden­te nega as acusações.

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*Deve ser denunciado nesta semana Fonte: Processos penais movidos pelo Ministério Público no Rio

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