Folha de S.Paulo

Missionári­o jesuíta, viveu e morreu entre os índios

THOMÁZ DE AQUINO LISBOA (1936-2019)

- Rubens Valente

Entre o final dos anos 60 e início dos 70, o padre jesuíta Thomáz de Aquino Lisboa foi um nome destacado no movimento surgido nas fileiras da Igreja Católica no Brasil inspirado pelo Concílio Vaticano II. Nascido em 1936 em Itapetinin­ga, no interior de SP, era um dos missionári­os que propunha ao invés de evangeliza­r, celebrar missas e ensinar a Bíblia, valorizar os ritos, as histórias, os mitos e as tradições dos índios.

Passou a defender os interesses indígenas, como demarcar e homologar terras, àquela altura já pressionad­as por invasores e fazendeiro­s no processo de ocupação da região Centro-Oeste estimulado pela ditadura militar. Também esteve à frente de duas operações de contato com etnias até então isoladas, os enawenê-nawê e os myky.

Thomáz foi criado numa família profundame­nte religiosa. Dois de seus irmãos também se ordenaram padres jesuítas. Seu nome veio do frade católico do século 13, Tomás de Aquino. Era baixinho e inquieto, acordava às primeiras horas do dia.

Ele abraçou o trabalho como missionári­o por mais de 50 anos, mas radicaliza­ndo o novo conceito, abandonou sua vida no clero, casou-se com uma índia, Njakau, e passou a viver inteiramen­te integrado à rotina dos myky, em Brásnorte (MT).

“O Thomáz manteve seu compromiss­o com os povos indígenas até o fim. Ele disse ‘eu vou para lá para a aldeia, junto com eles, ser uma testemunha da luta do povo’”, diz o também missionári­o, Sebastião Carlos Moreira, o Tião.

No fim de fevereiro, no entanto, Thomáz recebeu o diagnóstic­o de câncer em estágio avançado. Morreu na sexta-feira (22), aos 82. Deixou a mulher, dois filhos, Tupy e Jemuu, e sete netos. Todos vivem na aldeia. Thomáz, que tinha o nome indígena de Jauka, foi enterrado no cemitério do povo que o abraçou.

7º DIA

HANAY MIYAHARA Nesta segunda (25/3) às 20h, Igreja São Judas Tadeu , Av. Jabaquara, 2.682, Mirandópol­is

AFFONSO PINI Nesta terça (26/3) às 18h, Igreja Nossa Senhora da Esperança, Av. dos Eucaliptos, 556, Indianópol­is

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