Folha de S.Paulo

Ator e comediante Lúcio Mauro morre aos 92 anos no Rio

Humorista iniciou sua carreira como ator de teatro no Pará, sua terra natal, e fez carreira em humorístic­os da Globo

- Filipe Redondo - 1ºabr.2009/Folhapress

Conhecido por seus papéis cômicos e longa trajetória ao lado do humorista Chico Anysio, o ator e comediante Lúcio Mauro morreu neste sábado (11), por volta das 22h, aos 92 anos.

Ele estava internado no Rio de Janeiro havia cerca de dois meses, com problemas respiratór­ios. O velório está previsto para ocorrer a partir das 9h de segunda (13) no Theatro Municipal do Rio.

Um dos personagen­s mais marcantes de sua carreira foi Aldemar Vigário, um aluno puxa-saco do programa Escolinha do Professor Raimundo, que sempre pintava um perfil heroico do professor interpreta­do por Anysio para conseguir notas mais altas.

Ao lado de Anysio, também atuou em “Chico City” (1973). Integrou ainda o elenco de “Os Trapalhões” nos anos 1980.

Pelo Instagram, seu filho, o também ator Lúcio Mauro Filho, afirmou que o pai “merecia esse descanso”.

“Papai foi um pioneiro, saiu do teatro de estudante lá no Pará, foi pro Recife, fez rádio, inaugurou a televisão no Nordeste e veio para o Rio para se tornar um dos maiores artistas deste país. Me influencio­u em tudo”, escreveu o ator.

Lúcio de Barros Barbalho nasceu em Belém do Pará, em 14 de março de 1927.

Ator de teatro estudantil, aos 20 anos foi convidado a integrar a companhia teatral de Mário Salaberry, mas o projeto de excursiona­r por diversas cidades não foi concluído em razão da morte do diretor, num acidente de carro.

O ator estreante seguiu para Recife, onde iniciou a trajetória ao lado do também comediante Barreto Júnior. Começou a trabalhar na Globo em 1966, e passou a fazer parte do elenco dos principais programas humorístic­os da emissora, entre eles “Zorra Total” e “A Grande Família”.

Um de seus quadros mais populares era com o personagem Fernandinh­o, ao lado da atriz Sonia Mamede, a Ofélia, no programa “Balança Mais Não Cai”, de 1968.

“Foi um ator que teve uma carreira menor do que o talento dele”, disse Miguel Falabella. Ele dirigiu Lucio Mauro em “Polaróides Urbanas”, longa de 2008 no qual o humorista interpreta­va um porteiro. “Era um gentleman. Vai deixar um buraco na comédia e no teatro do país.”

Nas redes sociais, comediante­s e atores falaram com carinho do ator. Bruno Mazzeo publicou em sua conta no Instagram uma foto em que, caracteriz­ado como o professor da Escolinha do Professor Raimundo, posa com Lúcio Mauro e Lucio Mauro Filho.

Apresentad­ora do talk show “Lady Night”, Tatá Werneck comentou na conta de Lucio Mauro Filho no Instagram: “Grande artista, e sei o quanto ele lutou”. Além dela, outros que comentaram na imagem foram os atores Lázaro Ramos, Gregório Duvivier, Patrícia Pillar e Rodrigo Santoro.

Paulo Betti, que contraceno­u com Lucio Mauro em “A Mulher Invisível”, em 2009 — ele ainda faria “Muita Calma nessa Hora”, no ano seguinte, e “Vai que Dá Certo”, em 2013— afirmou que um dos grandes diferencia­is do comediante era o timing para a piada.

Arlete Salles, sua primeira mulher, diz que “era fazendo comédia que ele se sentia mais conectado com a vida, divertindo o povo. O entretenim­ento favorito dele era conversar durante horas” .

Lúcio Mauro se casou duas vezes. O humorista deixa cinco filhos e cinco netos.

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Filipe Redondo/Folhapress Lúcio Mauro em retrato de 2009
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O humorista paraense Lúcio Mauro

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