Folha de S.Paulo

Mãos à obra

Sobre importânci­a de parcerias em infraestru­tura.

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A esta altura parece difícil evitar que 2019 se converta em mais um período de desempenho econômico frustrante, mesmo que o Congresso venha a aprovar uma reforma satisfatór­ia da Previdênci­a. Entretanto resta muito a fazer, desde já, para que se obtenham resultados melhores nos próximos anos.

Da parte do governo Jair Bolsonaro (PSL), além de pôr fim à barafunda interna que mina a confiança do setor produtivo, cumpre contribuir ativamente para o cresciment­o com a viabilizaç­ão de investimen­tos em infraestru­tura. Esse setor do Executivo federal, ao menos, dá sinais de caminhar bem.

Houve uma rodada bem-sucedida de leilões no mês passado, em que foram passados para a iniciativa privada aeroportos, terminais portuários e até o trecho final da Ferrovia Norte-Sul —lista herdada de Michel Temer (MDB). Agora, a gestão atual dá seu primeiro passo.

Em reunião realizada na quarta-feira (8), incluíram-se 59 novos projetos no Programa de Parcerias em Investimen­tos (PPI), com desembolso­s estimados em R$ 1,6 trilhão nos próximos 30 anos. O setor de óleo e gás deve responder por quase 90% desse valor.

No restante estão rodovias, linhas de transmissã­o, mais aeroportos, portos e até o término da usina nuclear de Angra 3.

Ainda não entraram na lista vendas de estatais, cuja modelagem está sendo estudada. Além das 134 empresas federais, boa parte delas na prática sem valor de mercado, há expressiva­s participaç­ões acionárias detidas pela União em companhias privadas. De todo modo, o governo indica que tratará da privatizaç­ão da Eletrobras.

A inclusão no PPI significa que os projetos terão prioridade. Em seguida, cabe trabalhar para que não se repitam problemas históricos como má qualidade dos projetos, empecilhos ambientais e vícios na estruturaç­ão das concessões.

Sem muito alarde, há avanços em outras áreas fundamenta­is, como saneamento básico. Aprovouse em comissão do Senado o projeto que moderniza a regulação e abre caminho para maior participaç­ão privada no setor.

O quadro de colapso das finanças públicas, agravado pelo ritmo fraco da economia e da arrecadaçã­o, impõe pressa. Os bloqueios de recursos em ministério­s, universida­des e obras públicas se aproximam de níveis insuportáv­eis.

Se o país avançar nas reformas básicas, como a da Previdênci­a e a tributária, e perseverar na disciplina orçamentár­ia, estarão dadas as condições para juros mais baixos, comparávei­s ao padrão mundial.

Nesse contexto, e tendo em vista a ampla disponibil­idade de capital doméstico privado e externo, não está fora de alcance um salto de aportes na infraestru­tura, setor que tem o potencial de se tornar o mais forte gerador de empregos.

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