Falta de manutenção e apagões geram sensação de insegurança
De todos os serviços de zeladoria prestados pela Prefeitura de São Paulo, o de maior influência sobre o sentimento de segurança do paulistano é a instalação e manutenção do parque de iluminação da cidade.
O medo de ataque de criminosos é uma constante nas reclamações de quem passou por um apagão na rua de sua casa.
Para o motorista Flávio Ferreira, 53, a espera por uma solução dos dois postes quebrados na sua rua, no Itaim Paulista (zona leste), é mais do que um mero atraso num serviço público. “A rua já era escura e servia de rota de fuga para criminosos. Com os postes apagados, tudo piora”, reclama.
Ele diz ter acumulado dez protocolos de reclamação ao longo de 13 dias pelo apagão, solucionado na última semana. “Só consegui que arrumassem porque fiquei todo dia em cima. Mas já já vai quebrar de novo”.
Quem também ficou assustado com a falta de iluminação na sua rua em Itaquera foi o corretor de seguros Alexandre, 43. Ele diz que, durante os dez dias em que esteve sem luz, houve um assalto na sua rua.
“Isso aumenta a insegurança do morador e aumenta a oportunidade de ação dos criminosos”, afirma.
Parque São Lucas, a psicóloga Tábata Silva, 31, diz que a demora para arrumar os postes da sua rua foi ainda mais longa: cerca de quatro meses. A luz só foi reestabelecida em março, depois de um Réveillon às escuras.
Tábata conta que seus vizinhos se preocupavam sempre que tinham que sair muito cedo, ainda sem luz do sol, ou voltar à noite para casa.
“Não acho que seja feita uma manutenção preventiva. Só arrumam quando o poste não tem mais jeito mesmo”, critica.
Segundo o Ilume, departamento da prefeitura responsável por contratar e fiscalizar a empresa FM Rodrigues, o prazo para reestabelecimento de um ponto de luz na cacionando. pital é de 12 horas para vias principais e de 24 horas para ruas menores.
Mas os prazos são constantemente desrespeitados, dizem os paulistanos ouvidos pela Folha. Eles afirmam ainda que, ao insistir na reclamação, é comum receber a informação de que o problema já foi solucionado, quando na prática a rua permanece às escuras.
“A empresa pode até ter ido na minha rua, mas não mexeu em nada”, relata Ferreira.
Com Tábata, ocorreu o contrário. Depois de muito cobrar, um técnico fez o reparo da luz na sua rua. Surpreendentemente, dias depois apareceu outro técnico para arrumar o poste que já estava funNo Sem serviço, o funcionário quis ir embora, mas sofreu resistência dos moradores que queriam aproveitar sua presença e fazê-lo arrumar outro poste, na rua de baixo.
“Ele falou que não podia, disse que a ordem de serviço dele mandava ele arrumar o poste que já tinha voltado ao normal. Foi embora e deixou o outro apagado”, lembra.