Folha de S.Paulo

Doria diz que provará na Justiça não ter excedido em publicidad­e

Governador de SP afirma que contestará na Justiça relatório do TCM que apontou excesso de gastos em ano eleitoral

- Marina Dias

Governador de SP contesta relatório do TCM que apontou gasto 122% superior ao permitido por lei quando era prefeito da capital. Caso foi revelado pela Folha.

O governador de São Paulo, João Doria, afirmou nesta segunda-feira (13) que contestará na Justiça uma auditoria feita pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) que apontou que, no ano passado, ainda como prefeito da capital paulista, ele gastou com publicidad­e oficial mais que o permitido pela legislação. O caso foi revelado pela Folha neste domingo (12).

Após um almoço com investidor­es em Nova York, Doria disse que o tribunal errou e que não há ilegalidad­e nas suas despesas.

“Houve um erro do TCM. Respeito todos os tribunais, mas não houve um gasto acima do limite, houve um investimen­to feito pela Prefeitura de São Paulo superior à gestão que nos antecedeu, que foi a do Fernando Haddad (PT)”, disse o governador.

No primeiro semestre de 2018, a prefeitura paulistana desembolso­u cerca de R$ 73,8 milhões com propaganda, 122% a mais do que o permitido pela lei federal 9.504/97, de acordo com o levantamen­to obtido pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.

Pela lei, nos primeiros seis meses de ano eleitoral, o agente público não pode aplicar em publicidad­e mais do que o que foi gasto na média dos últimos três anos, consideran­do também o mesmo semestre.

Questionad­o justamente sobre esse mecanismo ser capaz de coibir benefícios para um candidato que exerce cargo no Executivo, Doria se ateve à retórica de que não há ilegalidad­e em suas contas.

“Se ilegalidad­e houvesse, qual a razão do TCM ter aprovado as contas integralme­nte da Prefeitura? Foi uma manifestaç­ão do tribunal, que vamos contestar evidenteme­nte, legalmente, mas não há nenhuma irregulari­dade nesse sentido”, disse ele.

Se tivesse observado a média, de acordo com os cálculos feito pelos auditores do TCM, a cidade teria despendido no máximo R$ 33,3 milhões.

“A restrição legal objetiva evita que em ano eleitoral sejam realizadas publicidad­e institucio­nal e divulgação dos atos e ações governamen­tais em escala maior que o habitual”, afirma a auditoria.

Ao estabelece­r a regra em seu artigo 73, a lei eleitoral deixa claro que o seu princípio é preservar “a igualdade de oportunida­des entre candidatos nos pleitos eleitorais”.

Doria disputou e venceu em 2018 a eleição para o governo paulista. Obteve no segundo turno 51,75% dos votos válidos, ante 48,25% do então governador paulista e candidato à reeleição Márcio França (PSB).

A lei estabelece que no caso de descumprim­ento da regra, o candidato beneficiad­o ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma.

A conduta também pode ser caracteriz­ada como ato de improbidad­e administra­tiva, sujeitando o responsáve­l ao ressarcime­nto integral do dano, perda da função pública e suspensão dos direitos políticos.

A Procurador­ia Regional Eleitoral pediu abertura de ação de investigaç­ão judicial eleitoral contra Doria na qual pede a decretação de inelegibil­idade do governador nos próximos oito anos.

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Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Agência O Globo O governador de São Paulo, João Doria, em Nova York

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