Avianca Internacional tenta se afastar da Avianca Brasil
Aérea colombiana lançará publicidade para dizer que está melhor que brasileira
Em um esforço para se desvencilhar da imagem combalida da Avianca Brasil, a Avianca Internacional deverá lançar em três semanas uma campanha publicitária no país, com anúncios de TV, na imprensa e em outdoors em aeroportos.
A ideia, segundo pessoas familiarizadas com a situação, é tentar mostrar que, diferentemente da irmã brasileira, que está em recuperação judicial, não paga a funcionários e acumula mais de R$ 2,7 bilhões em dívidas, a aérea seria uma empresa saudável e sem problemas operacionais.
A companhia, que tem origem colombiana, é controlada pelo grupo Sinergy, dos irmãos Germán e Jose Efromovich. A holding também controla a Avianca Brasil. Procurada, a Avianca Holdings não se manifestou.
O Sinergy é dono ainda dos estaleiros Mauá e Eisa, ambos em recuperação judicial.
Germán Efromovich é presidente do conselho de administração da Avianca Holdings, que tem capital aberto na Nyse (a Bolsa de Valores de Nova York). José tem assento no conselho da aérea colombiana e preside o da Avianca Brasil.
Apesar de se manter no azul, a Avianca Holdings lucrou US$ 1,14 milhão (R$ 4,55 milhões no câmbio atual) no ano passado, 99% a menos que os US$ 82 milhões em 2017.
As ações da empresa também perderam 57% do valor de mercado no último ano. A marca tem cortado custos e eliminado rotas menos rentáveis, como as domésticas em países como o Peru. Na Colômbia, seu principal mercado, cancelou 11 rotas no início do mês.
A companhia aérea também adiou o recebimento de 35 de 100 aeronaves que compraria da Airbus e cancelou a aquisição de 17 delas. Em meio à perda de valor de mercado, o então presidente da companhia, Hernán Rincón, pediu demissão no fim de abril.
A Avianca Holdings, que opera em 27 países, ainda mantém acordos com a brasileira em atividades como o atendimento a passageiros nos três aeroportos brasileiros em que detém rotas (Guarulhos, Galeão e Porto Alegre).
A brasileira também é a representante comercial da colombiana no Brasil. A companhia internacional, porém, quer encerrar os contratos assim que possível. Para isso, enviou executivos ao Brasil para negociar com agências de viagem e fornecedores.
A marca pretende verticalizar a representação comercial no país, segundo pessoas familiarizadas com a empresa. Na rede social LinkedIn, já há vagas anunciadas, como a de gerente de vendas. A base da operação será São Paulo.
Apesar do dano de imagem causado pelo debacle da Avianca Brasil, a ocupação dos voos internacionais da Holdings tem se mantido próxima dos 80%.
As vendas para voos com partidas ou destinos brasileiros representam hoje cerca de 8% do faturamento global da companhia, que foi de US$ 4,9 bilhões (o equivalente hoje a R$ 19,57 bilhões) em 2018.