Folha de S.Paulo

Governo quer mais FGTS no Minha Casa Minha Vida

Gestão Bolsonaro estuda uso de recursos do fundo para cobrir gastos com subsídios elevados do programa

- Danielle Brant, Julio Wiziack e Anaïs Fernandes

Sem verba para manter o Minha Casa Minha Vida, o governo federal estuda reduzir de 10% para 3% sua participaç­ão no subsídio de algumas faixas do programa. Recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) seriam usados para repor a diferença.

A operação seria uma maneira de destravar o projeto e permitir novas contrataçõ­es de obras. No fim de abril, o ministro do Desenvolvi­mento Regional, Gustavo Canuto, anunciou que o governo teria recursos para manter seu pleno funcioname­nto apenas até junho.

O ajuste seria feito nas faixas 1,5 e 2 do programa habitacion­al. Pelas regras em vigor, os subsídios vão até R$ 47,5 mil nos imóveis da faixa 1,5, voltado para famílias com renda inferior a R$ 2.600, e até R$ 29 mil na faixa 2, para as que têm renda inferior a R$ 4.000.

Atualmente a maior parte dos incentivos já vem do orçamento do FGTS (90%). A fatia do Tesouro Nacional seria limitada a 3%.

Com menos necessidad­e de aporte do governo, a expectativ­a é a de que mais famílias possam ser atendidas pelo programa.

Sem dinheiro para manter o Minha Casa Minha Vida, o governo estuda reduzir de 10% para 3% sua participaç­ão no subsídio das faixas mais elevadas do programa federal. Recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) seriam usados para repor a diferença.

A diminuição da participaç­ão governamen­tal seria uma forma de destravar o programa e permitir novas contrataçõ­es.

Em abril, o ministro do Desenvolvi­mento Regional, Gustavo Canuto, anunciou que o governo só teria recursos até junho para o Minha Casa.

Segundo o SindusCon-SP (sindicato da indústria da construção), a intenção foi confirmada pelo secretário da Habitação Nacional, Celso Matsuda, em reunião com dirigentes do sindicato na quinta (9).

A redução da participaç­ão se daria nas faixas 1,5 e 2.

Pelas regras em vigor, os subsídios vão até R$ 47,5 mil nos imóveis na faixa 1,5, para famílias com renda até R$ 2.600, e até R$ 29 mil na faixa 2, para as que têm renda até R$ 4.000.

Na 3, famílias com renda até R$ 9.000 contam com juros menores que os cobrados em financiame­ntos com recursos da poupança, o chamado SBPE, e pelo mercado imobiliári­o.

Os subsídios nas faixas 1,5 e 2 vêm do orçamento do FGTS (90%) e do Tesouro Nacional (10%). É a fatia do Tesouro que seria reduzida de 10% para 3%.

O objetivo é que a diminuição da fatia ajude a ampliar o número de contrataçõ­es: com menos necessidad­e de aporte do governo, mais famílias poderiam ser atendidas.

Segundo Ronaldo Cury, vice-presidente de habitação do SindusCon-SP, o governo tenta destravar o programa.

Ele afirma que os 7% restantes devem ser cobertos com dinheiro do lucro do FGTS, cuja metade é distribuíd­a proporcion­almente aos trabalhado­res desde 2018.

Em 2017, dado mais recente disponível, o lucro do fundo totalizou R$ 12,5 bilhões.

Na prática, o FGTS passaria a bancar 97% dos subsídios das faixas em que atua.

A medida precisa do aval do conselho curador do fundo, que teria sinalizado que concorda com a liberação dos recursos adicionais, segundo fontes ouvidas pela Folha.

A ideia, segundo Cury, é que a redução de participaç­ão do governo seja temporária, até dezembro. Mas uma volta ao patamar anterior dependeria de melhora na arrecadaçã­o.

Rodrigo Luna, vice-presidente de habitação econômica do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliári­o do estado de São Paulo), diz que a medida é necessária no momento para não travar o programa.

Dados da entidade apontam que metade das unidades lançadas na capital paulista em 2018 pertencia ao Minha Casa.

Ele ressalta, porém, que o dinheiro do FGTS é limitado.

“Precisamos ter muita responsabi­lidade sobre a forma de utilização desses recursos, porque não podemos exaurir o fundo, que é o grande patrocinad­or do programa”, diz.

Como 90% do valor do imóvel na faixa 1 é bancado pelo OGU (Orçamento-Geral da União), ela vem sendo a mais punida pelos sucessivos contingenc­iamentos.

Para Cury, “ajuda a faixa 1, mas não resolve para honrar as obras já contratada­s”.

Luiz Antonio França, presidente da Abrainc (associação das incorporad­oras), diz que a medida é importante porque “garante que o programa rode sem problemas e com previsibil­idade até o fim do ano”.

A redução da participaç­ão do governo não é vista com bons olhos por todos do setor.

Para o presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins, a redução é “totalmente desproposi­tada”.

“Eu não acredito que alguém tenha coragem de fazer uma coisa dessas. É um absurdo o governo entrar só com 10% e jogar 90% para o FGTS. É melhor colocar 100% de subsídio do fundo de garantia.”

Em nota, o Ministério do Desenvolvi­mento Regional afirmou que a redução da participaç­ão do governo no subsídio está em avaliação.

Precisamos ter muita responsabi­lidade sobre a forma de utilização desses recursos, porque não podemos exaurir o fundo, que é o grande patrocinad­or do programa

Rodrigo Luna vice-presidente de habitação econômica do Secovi-SP

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