Protestos são convocados contra cortes na educação
Atos acontecem hoje; ministro diz que não descarta mais bloqueios e é convocado a falar na Câmara
Manifestações previstas para hoje foram organizadas por sindicatos de professores e servidores de universidades. Devem ter a adesão de estudantes e trabalhadores da educação das redes pública e privada de ensino fundamental e médio.
Dezenas de escolas particulares em São Paulo, no Rio e em outros estados planejam parar. O principal objetivo é mostrar à população a importância das universidades no ensino, na pesquisa e na prestação de serviços à sociedade.
Manifestações em defesa de recursos para a educação foram convocadas para capitais e grandes cidades em todo o país nesta quarta-feira (15) após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reduzir o orçamento das universidades federais e bloquear bolsas de pesquisa.
Organizados por sindicatos de professores e servidores das universidades, os protestos devem ter a adesão de estudantes e também de trabalhadores da educação das redes pública e privada de ensino fundamental e médio. Dezenas de escolas particulares em São Paulo, no Rio e em outros estados planejam parar no dia de protesto.
O principal objetivo, segundo o sorga niza dores, émostrarà população a importância das universidades no ensino, na pesquisa en aprestação de serviços às oc ieda de.
As manifestações ocorrem após o anúncio de cortes e bloqueios pelo Ministério da Educação no governo Jair Bolsonaro (PSL). Recursos para todas as etapas de ensino, da educação infantil à pós-graduação, foram reduzidos ou congelados. A medida inclui verbas para construção de escolas, ensino técnico, bolsas de pesquisa e transporte escolar.
O bloqueio total de despesas do MEC anunciado até agora é de R $7,4 bilhões. Nas universidades federais, chegaa R $2 bilhões, o que representa 30% da verba discricionária (que não inclui salários, por exemplo). Nesta terça (14), Weintraub disse que não descarta novos bloqueios no orçamento após previsão de crescimento menor da economia.
Na véspera dos protestos, oposição e centro conseguiram impo ruma derrota ao governo e aprovara convocação de Weintraub para explicar os cortes no plenário da Câmara nesta quarta. Partidos como PP, MDB, PRB, Podemos e PTB votaram favoravelmente à convocação do ministro.
Cientistas têm alertado também para o efeito dos contingenciamentos do governos obre a pesquisa feita no país.
Os dois principais órgãos que financiam a ciência no país, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ligado ao Ministério da Ciência, e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), ligada ao Ministério da Educação, foram atingidos.
Mais de 40% do orçamento do Ministério da Ciência foi contingenciado, e quase 3.474 bolsas de mestrado e doutorado da Capes foram cortadas, ou 4% do total de benefícios financiados pelo MEC, que representam gasto de em torno de R$ 50 milhões ao ano.
Em São Paulo, o protesto, marcado para as 14h na avenida Paulista, conta com o apoio da UNE e da Apeoesp, o sindicato dos professores da rede estadual. A entidade aderiu à greve e diz que espera uma mobilização grande.
A Secretaria Estadual de Educação afirma que a orientação é que as escolas públicas funcionem normalmente. A pasta municipal afirma que não tem informação prévia sobre paralisação de unidades.
Escolas particulares da cidade de São Paulo, como Equipe, São Domingos e Santa Cruz, vão suspender as aulas.
Segundo o secretário-geral do sindicato dos professores de escolas particulares da cidade (Sinpro-SP), Walter Alves, a mobilização nos colégios vai ser bastante variada.
O sindicato orientou os professores a participar das manifestações. “Além da mobilização contra a reforma da Previdência, precisamos defender as instituições públicas de ensino superior e o professor mesmo, que tem sofrido com gravações e ameaças.”
Já os reitores de USP, Unesp e Unicamp criticaram em nota na segunda (13) os cortes de verba das universidades e convocam a comunidade acadêmica a “debater problemas da educação e da ciência” nesta quarta. Os reitores criticam os cortes na área, que chamam de “equívoco estratégico”.
No Rio de Janeiro, grupos de manifestantes devem se espalhar por diversos pontos da cidade, em locais públicos, para mostrar à população o que se faz nas universidades.
A comunidade do Museu Nacional, por exemplo, que sofreu um grande incêndio há oito meses, vai distribuir panfletos com informações sobre projetos e esclarecer que a instituição depende do orçamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
À tarde, por volta das 15h, os grupos vão se reunir para um ato conjunto que deve percorrer a praça 15, a Igreja da Candelária e a Central do Brasil.
“Vamos mostrar o que é feito dentro da universidade e os riscos desse bloqueio do governo”, afirma Eduardo Raupp, vice-presidente do sindicato de docentes da UFRJ.
Em Belo Horizonte, manifestantes vão panfletar em pontos movimentados da cidade. A partir das 9h30, saem em passeata em direção à praça da Estação para um ato com outras categorias.
Em Vitória, trabalhos de ensino, pesquisa, assistência e extensão serão exibidos na Mostra Balbúrdia Universitária, enquanto em Salvador o ato será na praça do Campo Grande. Em Manaus, haverá uma aula pública de filosofia.
Em Curitiba, os protestos começaram nesta terça. Grupos de professores e estudantes se dividiram em pontos de maior movimento da capital e em cidades do interior para apresentar projetos da universidade para a população.
“Temos que nos aproximar da população para esclarecer o que fazemos, para onde está indo a verba e qual será o impacto do corte de gastos”, afirma o secretário-geral do DCE da UFPR, Matteus Oliveira.
Nesta quarta, a mobilização começará às 8h30, na praça Santos Andrade, em Curitiba.
As manifestações também começaram mais cedo em Campo Grande, onde estudantes ocuparam um dos blocos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e criticaram a falta de posicionamento da reitoria sobre os cortes.
Em Santa Catarina, além das universidades, a mobilização é feita também pelos alunos dos institutos federais.
Em Brasília, o ato está marcado para as 10h em frente ao Museu da República. Os manifestantes devem marchar até o Congresso. O MEC solicitou segurança da Força Nacional, que já estava presente na frente da sede da pasta nesta terça. Júlia Barbon, Fernanda Canofre, Paula Sperb, Katna Baran, João Pedro Pitombo, Marina Estarque, Angela Pinho e Paulo Saldaña