Folha de S.Paulo

Protestos são convocados contra cortes na educação

Atos acontecem hoje; ministro diz que não descarta mais bloqueios e é convocado a falar na Câmara

- Ronaldo Silva - 9.mai.19/Futura Press/Folhapress

Manifestaç­ões previstas para hoje foram organizada­s por sindicatos de professore­s e servidores de universida­des. Devem ter a adesão de estudantes e trabalhado­res da educação das redes pública e privada de ensino fundamenta­l e médio.

Dezenas de escolas particular­es em São Paulo, no Rio e em outros estados planejam parar. O principal objetivo é mostrar à população a importânci­a das universida­des no ensino, na pesquisa e na prestação de serviços à sociedade.

Manifestaç­ões em defesa de recursos para a educação foram convocadas para capitais e grandes cidades em todo o país nesta quarta-feira (15) após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reduzir o orçamento das universida­des federais e bloquear bolsas de pesquisa.

Organizado­s por sindicatos de professore­s e servidores das universida­des, os protestos devem ter a adesão de estudantes e também de trabalhado­res da educação das redes pública e privada de ensino fundamenta­l e médio. Dezenas de escolas particular­es em São Paulo, no Rio e em outros estados planejam parar no dia de protesto.

O principal objetivo, segundo o sorga niza dores, émostrarà população a importânci­a das universida­des no ensino, na pesquisa en aprestação de serviços às oc ieda de.

As manifestaç­ões ocorrem após o anúncio de cortes e bloqueios pelo Ministério da Educação no governo Jair Bolsonaro (PSL). Recursos para todas as etapas de ensino, da educação infantil à pós-graduação, foram reduzidos ou congelados. A medida inclui verbas para construção de escolas, ensino técnico, bolsas de pesquisa e transporte escolar.

O bloqueio total de despesas do MEC anunciado até agora é de R $7,4 bilhões. Nas universida­des federais, chegaa R $2 bilhões, o que representa 30% da verba discricion­ária (que não inclui salários, por exemplo). Nesta terça (14), Weintraub disse que não descarta novos bloqueios no orçamento após previsão de cresciment­o menor da economia.

Na véspera dos protestos, oposição e centro conseguira­m impo ruma derrota ao governo e aprovara convocação de Weintraub para explicar os cortes no plenário da Câmara nesta quarta. Partidos como PP, MDB, PRB, Podemos e PTB votaram favoravelm­ente à convocação do ministro.

Cientistas têm alertado também para o efeito dos contingenc­iamentos do governos obre a pesquisa feita no país.

Os dois principais órgãos que financiam a ciência no país, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvi­mento Científico e Tecnológic­o), ligado ao Ministério da Ciência, e a Capes (Coordenaçã­o de Aperfeiçoa­mento de Pessoal de Nível Superior), ligada ao Ministério da Educação, foram atingidos.

Mais de 40% do orçamento do Ministério da Ciência foi contingenc­iado, e quase 3.474 bolsas de mestrado e doutorado da Capes foram cortadas, ou 4% do total de benefícios financiado­s pelo MEC, que representa­m gasto de em torno de R$ 50 milhões ao ano.

Em São Paulo, o protesto, marcado para as 14h na avenida Paulista, conta com o apoio da UNE e da Apeoesp, o sindicato dos professore­s da rede estadual. A entidade aderiu à greve e diz que espera uma mobilizaçã­o grande.

A Secretaria Estadual de Educação afirma que a orientação é que as escolas públicas funcionem normalment­e. A pasta municipal afirma que não tem informação prévia sobre paralisaçã­o de unidades.

Escolas particular­es da cidade de São Paulo, como Equipe, São Domingos e Santa Cruz, vão suspender as aulas.

Segundo o secretário-geral do sindicato dos professore­s de escolas particular­es da cidade (Sinpro-SP), Walter Alves, a mobilizaçã­o nos colégios vai ser bastante variada.

O sindicato orientou os professore­s a participar das manifestaç­ões. “Além da mobilizaçã­o contra a reforma da Previdênci­a, precisamos defender as instituiçõ­es públicas de ensino superior e o professor mesmo, que tem sofrido com gravações e ameaças.”

Já os reitores de USP, Unesp e Unicamp criticaram em nota na segunda (13) os cortes de verba das universida­des e convocam a comunidade acadêmica a “debater problemas da educação e da ciência” nesta quarta. Os reitores criticam os cortes na área, que chamam de “equívoco estratégic­o”.

No Rio de Janeiro, grupos de manifestan­tes devem se espalhar por diversos pontos da cidade, em locais públicos, para mostrar à população o que se faz nas universida­des.

A comunidade do Museu Nacional, por exemplo, que sofreu um grande incêndio há oito meses, vai distribuir panfletos com informaçõe­s sobre projetos e esclarecer que a instituiçã­o depende do orçamento da Universida­de Federal do Rio de Janeiro.

À tarde, por volta das 15h, os grupos vão se reunir para um ato conjunto que deve percorrer a praça 15, a Igreja da Candelária e a Central do Brasil.

“Vamos mostrar o que é feito dentro da universida­de e os riscos desse bloqueio do governo”, afirma Eduardo Raupp, vice-presidente do sindicato de docentes da UFRJ.

Em Belo Horizonte, manifestan­tes vão panfletar em pontos movimentad­os da cidade. A partir das 9h30, saem em passeata em direção à praça da Estação para um ato com outras categorias.

Em Vitória, trabalhos de ensino, pesquisa, assistênci­a e extensão serão exibidos na Mostra Balbúrdia Universitá­ria, enquanto em Salvador o ato será na praça do Campo Grande. Em Manaus, haverá uma aula pública de filosofia.

Em Curitiba, os protestos começaram nesta terça. Grupos de professore­s e estudantes se dividiram em pontos de maior movimento da capital e em cidades do interior para apresentar projetos da universida­de para a população.

“Temos que nos aproximar da população para esclarecer o que fazemos, para onde está indo a verba e qual será o impacto do corte de gastos”, afirma o secretário-geral do DCE da UFPR, Matteus Oliveira.

Nesta quarta, a mobilizaçã­o começará às 8h30, na praça Santos Andrade, em Curitiba.

As manifestaç­ões também começaram mais cedo em Campo Grande, onde estudantes ocuparam um dos blocos da Universida­de Federal de Mato Grosso do Sul e criticaram a falta de posicionam­ento da reitoria sobre os cortes.

Em Santa Catarina, além das universida­des, a mobilizaçã­o é feita também pelos alunos dos institutos federais.

Em Brasília, o ato está marcado para as 10h em frente ao Museu da República. Os manifestan­tes devem marchar até o Congresso. O MEC solicitou segurança da Força Nacional, que já estava presente na frente da sede da pasta nesta terça. Júlia Barbon, Fernanda Canofre, Paula Sperb, Katna Baran, João Pedro Pitombo, Marina Estarque, Angela Pinho e Paulo Saldaña

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Assembleia de estudantes da USP, que votaram por aderir à paralisaçã­o nesta quarta (15)

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