Folha de S.Paulo

Linha traçada no chão

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

Pelo peso de uma decisão unânime, o veredito do STJ a favor da libertação do ex-presidente Michel Temer foi lido no Congresso e entre magistrado­s de cortes superiores como o primeiro sinal enfático e “pedagógico” do tribunal contra “abusos nas prisões preventiva­s”. Com o foco da Lava Jato sob o Rio, a sentença produzida pela corte, avaliam juristas, deputados e senadores, indica a Marcelo Bretas e aos juízes do TRF-2 que novas medidas deste tipo encontrarã­o resistênci­a em Brasília.

Um ministro do STJ comentou, no início desta semana, que a corte errou ao ter deixado Temer passar o fim de semana encarcerad­o. O caso do ex-presidente foi o mais rumoroso de prisão preventiva já analisado pelo tribunal.

Até aliados do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) admitem que a extensão da devassa fiscal e bancária autorizada pela Justiça vai deixá-lo exposto e fragilizad­o. Um integrante de órgão de controle resume o tamanho da encrenca: “Nem Madre Teresa sobrevive a 10 anos de quebra de sigilo”.

O Ministério Público poderá analisar a movimentaç­ão financeira do senador em diferentes períodos de sua vida política, passando, por exemplo, pela campanha à Prefeitura do Rio, em 2016.

Nas cortes superiores, ministros lembraram do cheque depositado pelo ex-policial Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michele Bolsonaro. Queiroz também teve o sigilo quebrado. Com isso, será possível checar todas as transferên­cias feitas por ele de 2007 a 2017.

Integrante­s do PSL evitaram comentar o assunto nos grupos de WhatsApp.

A reunião de líderes de partidos da Câmara, nesta terça (14), teve momentos de tensão. Dirigentes de siglas de centro e centro-direita deixaram claro que, enquanto o achincalhe nas redes sociais não cessar, eles não estão dispostos a votar medidas provisória­s.

O líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo, teria replicado, segundo relatos: “Deixa a MP caducar e aí nomeamos mais 20 generais”. Como as alas militar e olavista do governo estão em pé de guerra, a tese foi alvo de ironias.

Integrante­s da comissão especial que analisa a reforma da Previdênci­a buscam alternativ­a à exclusão de servidores estaduais da proposta, mas o remédio seria amargo.

A ideia é dar prazo para governador­es aprovarem reformas nas assembleia­s locais. Os que não cumprissem seriam impedidos de receber verba federal. Presidente da comissão, Marcelo Ramos (PR-AM) defende a tese.

Com a convocação de Abraham Weintraub ao plenário da Câmara na véspera do protesto contra sua política educaciona­l marcado para esta quarta (15), deputados do PSL simularam sabatina com o ministro.

A Confederaç­ão Nacional dos Trabalhado­res em Educação espera que os 4,5 milhões de servidores das escolas públicas de ensino fundamenta­l e médio parem nesta quarta.

A UNE pediu que as pessoas saiam às ruas, pacificame­nte, com livros e camisetas de cursos, além de fardas e jalecos. O Ministério da Justiça teme protestos violentos.

As associaçõe­s dos Magistrado­s e dos Procurador­es do Trabalho estudam ir à Justiça caso o governo mexa nas regras de saúde e segurança. Elas chamam de “retrocesso inadmissív­el qualquer esforço de revogação das normas de prevenção de acidentes” quatro meses após a tragédia de Brumadinho.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, visitou a Folha nesta terça (14), onde foi recebido em almoço, a convite do jornal. Estava acompanhad­o de Maurício Costa de Moura, diretor de Relacionam­ento Institucio­nal e Cidadania, e Mauro Zanatta, assessor de comunicaçã­o.

Consertar o déficit com essa violência, quando o PIB já está desacelera­ndo, é matar a economia Da senadora Kátia Abreu (PDT-TO) sobre a revisão para baixo do PIB acompanhad­a da previsão de novos contingenc­iamentos no governo com Mariana Carneiro e Julia Chaib

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