Folha de S.Paulo

Eduardo Bolsonaro diz que país deveria ter bomba nuclear

- Ricardo Della Coletta

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e filho do presidente Jair Bolsonaro, defendeu nesta terça (14) a posse de armas nucleares pelo país e disse que o Brasil seria levado “mais a sério” se tivesse um “poder bélico maior.”

Lembrando que o Brasil assinou o Tratado de Não Proliferaç­ão Nuclear (TNP) durante o governo Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Bolsonaro disse que o país sofreria uma série de sanções caso optasse por “atropelar” o acordo internacio­nal e desenvolve­r um programa para a construção de uma bomba atômica.

“É um tema muito complicado, mas eu acredito que pode um dia voltar ao debate aqui, quem sabe resgatando as falas do [deputado falecido] Enéas Carneiro. São bombas nucleares que garantem a paz ali no Paquistão. Como seria a relação do Paquistão com a Índia se só um dos dois tivesse bomba nuclear? Será que seria da mesma maneira do que hoje? Claro que não”, disse o deputado, durante uma palestra a alunos do curso superior de Defesa da Escola Superior de Guerra, realizada na Câmara.

“Eu sou entusiasta dessa visão. Pouco me importa, vão falar que eu sou agressivo ou que eu quero tocar fogo no mundo. Mas de fato, por que o mundo inteiro respeita os Estados Unidos? É o único país que têm condições de abrir duas frentes militares, duas guerras em qualquer lugar do mundo”, declarou.

Na mesma palestra, Eduardo Bolsonaro afirmou que o “politicame­nte correto” o impede de expor algumas opiniões sobre a crise na Venezuela.

“Tenho que falar que está tudo muito bem, que nunca entraremos em guerra, que vocês podem ficar tranquilos. É uma ironia o que estou falando. Do lado de lá da fronteira tem um maluco [o ditador Nicolás Maduro], associado com terrorista­s e narcotráfi­co. A gente sabe que, a qualquer momento, se isso daí evoluir para um quadro pior, que é o que ninguém deseja, quem vai entrar em ação são principalm­ente os senhores [militares].”

Apesar do tom das declaraçõe­s, ele disse não estar “confabulan­do uma guerra”. “Até porque não tenho poderes para isso.”

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