Folha de S.Paulo

Inspirada em livro de Neil Gaiman, série faz versão do Apocalipse ao som de Queen

- Reinaldo José Lopes

Neil Gaiman ganhou a oportunida­de de comandar sua própria versão do Apocalipse:umJuízoFin­alcom clássicos do Queen na trilha sonora e permeado por um humor absurdo tipicament­e britânico. Para o escritor inglês, é o melhor jeito possível de celebraram­emóriadoam­igoTerry Pratchett, que morreu em 2015 e bolou junto com ele essa versão peculiar do fim dos tempos três décadas atrás.

“Estou fazendo isso por Terry”, diz Gaiman, referindo-se ao seriado “Good Omens”, programado para estrear no dia 31 de maio no serviço online Amazon Prime Video. “Terry queria ter visto a série pronta antes de morrer. Espero que, em algum nível, em algum plano, ele possa aprovar o resultado.”

Tudo começou em 1990, quando eles publicaram o romance escrito que leva o mesmo título que a série. O livro rapidament­e ganhou status de cult e já foi adaptado no formato de radionovel­a pela BBC.

Misturando o fascínio de Gaiman por mitologia e ocultismo e a verve satírica de Pratchett, a história é, na verdade, a crônica das tentativas desesperad­as de dois amigos, um anjo e um demônio, de melar o Apocalipse.

Ocorre que tanto o membro angelical da dupla, Aziraphale (Michael Sheen), quanto sua contrapart­e diabólica, Crowley (David Tennant), estão na Terra desde a época do jardim do Éden. Acabaram se afeiçoando ao conjunto da Criação —Aziraphale virou dono de sebo, enquanto Crowley gosta de carros antigos tunados— e, portanto, tentam impedir os planos paralelos das forças celestiais e infernais para encerrar a história do Universo.

Pela primeira vez, Gaiman está liderando a adaptação de um de seus livros, atuando como coordenado­r de produção e roteirista da série. “Descobri que adoro fazer isso. Gosto de fazer os testes com os atores, de escolher o elenco e colocar a coisa para funcionar”, conta o escritor.

Foi nesse processo que ele diz ter encontrado uma solução para representa­r a hilariante voz do narrador presente no romance. “Decidi que ela seria substituíd­a pela voz de Deus. Uma vez que tomei essa decisão, bastou procurar a pessoa certa para o papel, e [a atriz americana] Frances McDormand preencheu os requisitos de modo maravilhos­o.”

É a segunda série baseada num livro de Gaiman a ser produzida pela Amazon Prime Video. “Good Omens” foi precedida por “American Gods”.

Nesta, os protagonis­tas são deuses e outros entes sobrenatur­ais das mitologias das diversas etnias que formaram a população dos EUA ao longo dos séculos. Curiosamen­te, na mais poderosa nação cristã do mundo, a figura de Jesus só aparece de modo tangencial na trama.

“Fiz essa escolha porque queria retratar, digamos, as classes subalterna­s divinas, as pessoas comuns”, explica Gaiman. “E, se você está contando uma história sobre os perdedores, os desimporta­ntes, não há como inserir nela figuras poderosas como Jesus, ou Maomé, ou Buda. Seria como narrar a vida de um grupo de sujeitos comuns e de repente enfiar o presidente dos EUA ou Steven Spielberg no meio deles. Não faria sentido.”

Good Omens Quando: 31/5. Onde: Amazon Prime Video

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Aziraphale (Michael Sheen) e Crowley (David Tennant) em ‘Good Omens’

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