Trump inviabiliza uso de tecnologia chinesa nos EUA
Ordem executiva proíbe teles americanas de instalar equipamentos que possam ameaçar segurança
Donald Trump assinou ordem executiva para proibir empresas americanas de instalar equipamentos estrangeiros que possam ameaçar a segurança nacional do país. A medida intensifica a disputa com a China ao bloquear vendas de produtos da Huawei, líder chinesa em tecnologia para redes 5G.
washington | the new york times O presidente Donald Trump agiu nesta quartafeira (15) para proibir empresas americanas de telecomunicações de instalar equipamentos estrangeiros que possam representar ameaça à segurança nacional.
A medida intensifica a batalha contra a China ao bloquear vendas de produtos da Huawei, a maior fabricante chinesa de equipamento para redes.
Trump assinou uma ordem executiva (o equivalente a uma medida provisória no Brasil) que instrui o secretário de Comércio, Wilbur Ross, a proibir transações que “apresentem riscos inaceitáveis”, mas não mencionou países ou empresas específicos.
A medida era esperada havia muito tempo e representa a mais nova ação na batalha do governo contra a China nas áreas de economia e segurança. Também representa a medida mais extrema adotada por Trump em sua luta contra o setor tecnológico chinês.
Liderados pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, representantes do governo americano vêm alertando os aliados do país há meses para o fato de que os EUA suspenderiam a transferência de dados de seus serviços de informações a eles caso utilizassem tecnologia da Huawei ou outras empresas chinesas como base para suas redes de quinta geração (5G).
A nova tecnologia promete não só mais velocidade para os celulares mas também a conexão de milhares de dispositivos à internet das coisas —como carros autônomos, câmeras de segurança e equipamento industrial—, por meio de uma nova arquitetura de internet.
O Departamento de Defesa e dirigentes dos serviços de informações americanos disseram que as empresas chinesas terão o poder de controlar as redes e expressaram preocupações não só com a possibilidade de que mensagens confidenciais possam ser interceptadas ou desviadas secretamente para a China como com a de que as autoridades chinesas ordenassem que a Huawei suspenda a operação das redes, o que poderia desordenar porções importantes da infraestrutura americana, como gasodutos e redes de telefonia móvel.
A Huawei nega essas imputações e seu presidente-executivo já declarou que preferiria fechar a empresa a obedecer a ordens do governo chinês para interceptar ou desviar tráfego de internet.
As autoridades americanas dizem que ele não teria escolha: a lei chinesa requer que as companhias do país obedeçam às instruções do Ministério de Segurança do Estado.
Trump se envolveu intensamente na campanha, realizando reuniões discretas com executivos do setor de telecomunicações dos EUA na Casa Branca e ponderando diferentes versões da ordem executiva. Ele insistiu em que os EUA devem “vencer” no 5G, mas foi informado de que nenhuma companhia americana produz os comutadores que realizam o direcionamento central do tráfego de internet 5G.
A ordem executiva surgiu em meio a uma escalada na guerra comercial entre os EUA e a China, com os dois lados impondo centenas de bilhões de dólares em tarifas, nos últimos dias.
Trump acusou o governo chinês de práticas desleais de comércio e anunciou aumento de tarifas sobre US$ 200 bilhões adicionais em produtos chineses, na semana passada.
Mas poucas questões conquistaram tamanho apoio bipartidário em Washington quanto os alertas do governo Trumps obre as ameaças de segurança que aHuaw ei e aZ TE —outra empresa conectada profundamente ao governo chinês— representam. Os apelos se tornaram tão intensos que houve quem alertasse sobre a criação de um clima como o da caça aos comunistas do país [na década de 1950], e as autoridades chinesas afirmam que as dos EUA deixaram a cautela para trás e ingressaram no terreno da paranoia.
As grandes operadoras de telefonia móvel do país rejeitaram o uso de equipamentos da Huawei em suas redes 5G, mas a ordem executiva garantirá que operadoras de telecomunicação menores e rurais evitem o uso de produtos Huawei em suas novas redes.
Como os sistemas 5G envolvem equipamentos de alta velocidade e baixo alcance, a tecnologia está mais adaptada a áreas urbanas do que a áreas rurais, por enquanto. Mas a Huawei continua a ser uma alternativa atraente para as operadoras rurais porque seus produtos são mais baratos que os dos concorrentes.
A proibição também poderia ajudar na campanha do governo Trump para convencer os aliados americanos na Europa a bloquear a Huawei. Alguns desses aliados questionaram por que deveriam bloquear a Huawei se os Estados Unidos mesmos não o tinham feito.
Mas, mesmo que a Huawei seja excluída dos EUA, ela ainda deve controlar de 40% a 60% do mercado de equipamento de redes no planeta. A companhia vem realizando esforços pesados de marketing na África, na América Latina e nas porções da Ásia onde a China exerce forte influência econômica.