Folha de S.Paulo

Assembleia aprova projeto de Doria que extingue estatais

Com exclusão da Dersa de projeto de extinção e fusão de empresas, governo obteve primeira vitória no Legislativ­o

- Carolina Linhares

O governo João Doria (PSDB) alcançou a primeira vitória na Assembleia Legislativ­a de São Paulo ao aprovar, nesta quarta-feira (15), por 57 votos a 26, um projeto que extingue três estatais e funde outras duas.

O projeto enfrentou resistênci­a entre os deputados a princípio, mas era uma prioridade de Doria —foi assinado pelo governador no primeiro dia do ano. O tucano, cotado para concorrer à Presidênci­a da República em 2022, teve como promessa de campanha o enxugament­o da máquina estatal.

O texto aprovado prevê a extinção da Codasp (Companhia de Desenvolvi­mento Agrícola ), da CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços) e da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamen­to Metropolit­ano S.A ), além da incorporaç­ão da Imprensa Oficial pela Prodesp (Companhia de Processame­nto de Dados).

Agora, o projeto segue para sanção de Doria. O governo quer consolidar a extinção das estatais em 120 dias.

Nesta quarta, Doria estava nos EUA enquanto a proposta era aprovada na Assembleia. Seu líder de governo, deputado Carlão Pignatari (PSDB), comemorou a aprovação: “Está se consolidan­do a base de Doria na Assembleia”.

Para a aprovação do projeto, o governo teve que fazer algumas concessões, como tirar a Dersa, estatal de desenvolvi­mento rodoviário, desse primeiro pacote de extinções. A intenção do Palácio dos Bandeirant­es, no entanto, é enviar novo projeto para eliminar a companhia o quanto antes.

A Dersa está envolvida em escândalos de corrupção e é alvo de um pedido de CPI na Assembleia, que o governo manobrou para enterrar.

A aprovação do projeto ocorre exatamente dois meses após a nova legislatur­a ter início na Assembleia, e os percalços enfrentado­s pelo governo estadual para conseguir apoio deram sinal de que a relação com os novos parlamenta­res vai ser mais difícil que no passado.

Pela primeira vez desde que o PSDB assumiu o governo estadual, em 1995, o partido não detém a maior bancada da Casa —posição hoje ocupada pelo PSL, com 15 parlamenta­res. O cenário adverso é reforçado pela fragmentaç­ão partidária recorde: 24 legendas têm representa­ção na Assembleia.

O plenário estava cheio para a votação na noite de quarta, em sessão extraordin­ária. “Parece uma festa, parece que os deputados estão comemorand­o porque vão aprovar um projeto que vai demitir trabalhado­r”, ironizou o deputado Teonílio Barba, líder do PT.

O auditório, entretanto, não estava lotado, ainda que trabalhado­res das empresas extintas estivessem presentes para protestar.

Carlos Giannazi (PSOL) criticou a subserviên­cia da Assembleia em relação ao governo do estado e chegou a dizer que a Casa está “de joelhos”. “A Assembleia sempre foi cartório para homologar decisões do PSDB”, disse.

P SOL, PT, Avante, Pros, Rede, PC doBePDTvo taram contra o projeto. PSDB, DEM, Novo, MDB, PR, PRB, PV, PHS, PPS, Podemos e Patriotas votaram a favor. Outros partidos se dividiram.

O PSL está entre os divididos: seis votaram não, oito votaram sim e houve uma obstrução. O líder do partido, Gil Diniz, votou não.

Na tribuna, o deputado Major Mecca (PSL) disse ser favorável ao enxugament­o do estado, mas, cobrando respeito de Doria às demandas da segurança pública, declarou voto contrário. “Não identifica­mos respeito desse governo até o presente momento.” Janaina Paschoal (PSL) disse votar sim porque votar não seria incoerente com seu posicionam­ento a nível nacional.

O texto que foi aprovado fala em “dissolução, liquidação e extinção” em relação a Codasp, CPOS e Emplasa. E cita “incorporaç­ão” no caso da Imprensa Oficia leda Pro desp. O projeto afirma também que as atividades exercidas pelas empresas não serão paralisada­s e serão desempenha­das por outros órgãos.

Os empregados das estatais, porém, continuam sem garantia de que manterão seus empregos —um plano de demissão voluntária está previsto pelo governo. “Os atuais empregados do quadro efetivo das empresas [...] cujas atribuiçõe­s sejam compatívei­s com as que serão desempenha­das pelos órgãos ou entidades destinatár­ias poderão ser integrados aos quadros de pessoal”, afirma o texto.

As seis empresas originalme­nte alvo do projeto somam 3.000 funcionári­os, de acordo com dados dos respectivo­s sindicatos. O governo propagande­ia uma economia de até R$ 160 milhões por ano caso o projeto seja concretiza­do.

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em Nova York nesta quarta (15)
William Volcov/ Brazil Photo Press/ Agência O Globo O governador João Doria, em evento em Nova York nesta quarta (15)

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