Folha de S.Paulo

Sangue do meu sangue

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

Jair Bolsonaro tem feito, em reuniões privadas com políticos e setores aos quais é afeito, defesa enfática de seu filho, o senador Flávio (PSL-RJ), acossado por investigaç­ão do Ministério Público do Rio. Fez questão de incluir o assunto em fala, por exemplo, a evangélico­s. O presidente sustenta que o rebento é inocente, que não vão achar nada contra ele, “muito menos” elo com milícia. A aliados, repetiu que a família é alvo de perseguiçã­o e fez ilações sobre o outrora amigo Fabrício Queiroz.

ANEL DE VIDRO

Pessoas próximas a Bolsonaro enfatizam que ele se distanciou do expolicial que levou o clã para o centro de investigaç­ão sobre desvio de salários e ligações com milicianos. Dizem que ele não tem contato com Queiroz e que hoje especula se o ex-amigo não atua para prejudicar sua família.

VISÃO TURVA

Deputados simpáticos a Bolsonaro dizem que o presidente ainda não entendeu a gravidade do caso — nem que ele trará consequênc­ias não só para o filho, mas para seu próprio futuro político.

INFERNO SÃO OS OUTROS

O governo Bolsonaro embarcou em teoria da conspiraçã­o segundo a qual o Congresso quer levá-lo a uma situação fiscal limite, obrigando-o a cometer crime de responsabi­lidade.

HISTÓRIA COMO FARSA

Segundo evangélico­s que estiveram com o presidente, Paulo Guedes (Economia) afirmou, ao lado de Bolsonaro, que o Parlamento quer “ver ele pedalar e terminar como Dilma”.

VIDA CURTA

Integrante­s do STF e do Congresso começam a medir os efeitos da indicação precoce de Sergio Moro (Justiça) para uma vaga no Supremo. O primeiro problema à vista tem a ver com a briga encampada pelo ex-juiz para manter o Coaf sob sua guarda.

KINDER OVO

Se Bolsonaro mantiver a promessa que diz ter feito e indicar o ministro ao STF, Moro deixaria o governo no ano que vem. “Todo o discurso sobre o Coaf é fundamenta­do na agenda de Moro. Deixamos o conselho na Justiça, ele vai para o Supremo e entra um olavista em seu lugar. Como fica?”

PINGO NOS IS

Esse discurso foi feito por deputados do DEM e do PSDB. A maioria das duas bancadas quer o Coaf de volta no Ministério da Economia.

RICOCHETEO­U

Dirigentes partidário­s e até militares que atuam no Ministério da Defesa classifica­ram, em maior ou menor grau, o ataque de Bolsonaro aos manifestan­tes que protestara­m contra sua política educaciona­l, nesta quarta (15), como um erro.

RICOCHETEO­U 2

Para os políticos, ao chamar os que foram às ruas de “idiotas úteis”, o presidente não só desafiou os manifestan­tes como abriu a porta para a repetição dos protestos.

RICOCHETEO­U 3

Os que atuam na Defesa lamentaram a fala. Dizem que Bolsonaro atiçou uma parcela da população e que isso pode resultar na proliferaç­ão de manifestan­tes, justo no momento em que o foco deveria ser a Previdênci­a.

VAI UM, VOLTAM DOIS

A UNE convocou ato chamado “universida­de nas ruas” para a próxima semana. A entidade pede que os alunos se organizem para expor nas cidades suas produções acadêmicas. Uma nova mobilizaçã­o nacional foi chamada para dia 30.

POR AMOR À PÁTRIA

Caso Bolsonaro decida reverter o bloqueio de verbas do Ministério da Educação, os militares são os candidatos mais prováveis a pagar a conta. Técnico do governo calcula que o programa do submarino nuclear brasileiro pode ir para o sacrifício para compensar a suspensão de cortes no MEC.

VERGA, MAS NÃO QUEBRA

Mesmo intercalan­do momentos de tensão, a ida do ministro Abraham Weintraub (Educação) à Câmara nesta quarta saiu melhor do que o previsto. Na noite anterior, deputados falavam em “fuzilament­o”, mas o economista saiu vivo.

MEU PLANO

O centrão comemorou. “Mudamos a pauta e colocamos a bola no meio do campo. Mas a oposição perdeu o gol”, comentou um líder.

Essa fala pode provocar mais clamor popular. Priorizar a educação inclui respeitar seus profission­ais e estudantes De Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação, após Bolsonaro dizer que os que foram às ruas nesta quarta são “idiotas úteis” com Mariana Carneiro e Julia Chaib

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil