Bush se preocupa com a Argentina, diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (15) que discutiu com o ex-presidente dos EUA GeorgeW.Busha situação política na Argentina eque, pelo semblante do americano, pode perceber que ele compartilha sua preocupação com o possível retorno de Cristina Kirchner ao poder.
Após reunião de cerca de uma hora com Bush —dez minutos deles a sós— Bolsonaro afirmou que não sepo decorrer o risco dever Cristina ganhar mais um aveza eleição em outubro, o que, nas suas palavras, seria um “gol contra” que levaria o populismo de volta àquele país.
“Eu não sou vidente, mas, pelo semblante, eu entendi que ele[Bush]tempre ocupação não só coma Venezuela, mas também coma questão da Argentina”, disse Bolsonaro a jornalistas após o encontro.
“Nós queremos, sim, e sabemosa dificuldade da Venezuela de voltar à normalidade. Mas, mais importante do que fazer um gol é evitar outro e esse gol contra seria a Argentina voltar para as mãos da Kirchner.”
Bolsonaro manteve o discurso da ala militar de seu governo de que não se envolve na política interna de outros países, mas disse que teme que a Argentina, sob Cristina, vire uma “Venezuela no sul da América do Sul”. O país vizinho é governado por Mauricio Macri, alinhado a Bolsonaro, mas o governo tem enfrentado uma crise econômica.
“Então há interesse nosso, apesar de não nos envolvermos na política externa, em, como cidadão, patriota, democrata e amante da liberdade, nós gostaríamos que a Argentina não retrocedesse nessa questão ideológica”.
Da primeira parte da reunião, de cerca de 50 minutos, participaram também os ministros Paulo Guedes (Economia), Augusto Heleno (Segurança Institucional) e Ernesto Araújo (Itamaraty), além de Filipe Martins, assessor da Presidência para assuntos internacionais —foi ele quem traduziu, em seguida, a conversa privada dos dois líderes.
Segundo presentes, eles discutiram ainda parcerias no setor de óleo e gás (forte no Texas), a crise da Venezuela, a relação do Brasil com os republicanos e a guerra comercial entre China e EUA.
Para Bolsonaro, o Brasil vai se beneficiar naturalmente da disputa de tarifas entre os dois países —o setor de agricultura, por exemplo, ganharia importância e mercado.
“Não digo que nós vamos tirar proveito disso, o proveito disso cai naturalmente, como se fosse pela manobra [que] nós tivéssemos um ganho nessa guerra comercial”.
Antes da reunião, Bolsonaro almoçou hambúrguer numa lanchonete perto do hotel e foi a pé com sua comitiva ao escritório de Bush, a cerca de 300 metros. A caminhada foi escoltada por seguranças do serviço secreto americano.
O encontro com Bush foi tratado como o trunfo da visita a Dallas, no Texas. A viagem foi articulada às pressas depois que o presidente cancelou sua ida a Nova York devido a protestos —inclusive do prefeito, o democrata Bill de Blasio.
Segundo auxiliares do Planalto, Bush afirmou que Bolsonaro acertou ao buscar investidores e empresários fora dos grandes centros, como em Dallas. O ex-mandatário era próximo de Lula e hoje, no Partido Republicano, é uma das vozes mais críticas a Donald Trump —de quem o brasileiro é fã declarado.
Nesta quinta (16), o presidente receberá a homenagem de “Pessoa do Ano” da Câmara de Comércio Brasil-EUA, que seria entregue em Nova York.
Não sou vidente, mas, pelo semblante, entendi que ele [Bush] se preocupa não só com a Venezuela, mas com a Argentina
Jair Bolsonaro