Alunos de escolas privadas participam de atos e criticam presidente
Protegendo-se da chuva em uma banca da avenida Paulista, quatro amigas que estudam no colégio Oswald de Andrade estavam duplamente preocupadas na manifestação desta quarta (15). Primeiro, coma política do governoBol sonar opara a educação; depois, porque todas pretendem fazer faculdades de humanas.
“É principalmente essa área que ele não quer desenvolver, para que as pessoas não tenham tantas possibilidades de pensares e expressar ”, disse Lara Fernandes ,14.“As humanas formam o olhar das pessoas”, opina Clara Santi. “E é justamente isso que o governo não quer”, diz Clarice Romeu, 15.
Pai de Clara, Pedro, 53, professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing ), foi encontrar as meninas na Paulista. “Vim como ‘backup’ e aproveitei para participar, porque a educação é um tema sem partido e pode ser por aí que o país se unifique.”
O grupo contou que essas questões foram discutidas no Oswald, colégio particular da zona oeste de São Paulo, eque alunos e professores votaram pelo cancelamento das aulas nesta quarta-feira.
Ao menos 34 colégios privados pararam suas atividades, segundo levantamento preliminar do Sinpro-SP (sindicato dos professores de escolas particulares da capital).
Masa avenida reuniu também estudantes de escolas particulares que não aderiram ao protesto, entre eles um grupo do Singular, de São Bernardo do Campo (região do ABC).
Matheus Ballester e a namorada, Ana Beatriz Ayumi Yokoya, ambos de 17 anos e alunos do 3º ano do ensino médio, assistiram às aulas pela manhã e depois se juntaram a amigos parairàmanif estação .“M esmoque agente possa estudar emu ma escolap articular, te mosque vire defendera educação do país ”, diz Ana, que, como o namorado, vai prestar vestibular para medicina.
Cerca de 50 alunos do cursinho Anglo da Tamandaré, na Liberdade (região central), estavam na avenida, apreensivos coma situação das faculdades em que pretendem ingressar. “Quero ser jornalista, mas me preocupo com os cortes em geral. Estão cortando pesquisas que desenvolvem vacinas”, afirma Danilo Cavalcante, 18.
Entre as escolas públicas, segundo balanço da Secretaria Estadual da Educação, da gestão João Doria (PSDB), houve em 6% das unidades da rede, atingindo 9% dos estudantes.
Levantamento da Agência Mural apontou que escolas estaduais e municipais tiveram paralisação total ou parcial em ao menos 14 municípios da Grande SP, incluindo a capital.
No Paraná, a pasta estadual da Educação orientou que os professores que não compareceram às aulas tenham o dia de falta registrado, com desconto no salário. À tarde, segundo a secretaria, cerca de 13% das escolas haviam sido afetadas.
A adesão de escolas privadas à paralisação dividiu familiares de alunos no Rio. No Colégio Santo Agostinho, no Leblon, um pequeno grupo de pais fez um protesto em frente à escola contra a decisão dos professores de participar dos atos.
“Lugar de aluno é na escola” e“Professor, parede usara sua influência para doutrinar” diziam alguns cartazes. Nas redes sociais, também houve críticas à adesão da Escola Corcovado, em Botafogo. Por outro lado, o Colégio Santo Inácio, também na zona sul, recebeu críticas de parte dos pais e ex-alunos por não participar da mobilização.