Baronesa húngara tornou-se empresária e viveu até os 100
DORA PURGLY VARGHA (1919-2019)
Nascida em 1919 na cidade de Eperies, na Hungria, onde hoje fica Presov, na porção leste da Eslováquia, Dora Purgly Vargha era a filha mais nova de três irmãos. Membro de uma família dos altos estamentos do Leste Europeu, ela carregava o título de baronesa.
Casou-se com János, cultivador de arroz, aos 15 anos. Ainda adolescente teve de assumir as responsabilidades de cuidar de uma casa com mais de 20 empregados.
Com a invasão soviética da Hungria, Dora fugiu com János para Budapeste em 1945, onde passaram a morar em um porão de mansão. Lá, ela e o marido foram empregados dos russos, que jogavam boliche com as porcelanas e outros pertences de Dora e seus familiares.
A Hungria passou a ter um regime comunista após a Segunda Guerra Mundial. Nobres, Dora e János passaram a ser malvistos e decidiram deixar o país, impactados também pela morte de um filho.
Passaram escondidos pela fronteira com a Áustria. Partiram para um porto alemão e conseguiram tomar um navio para o Brasil, onde chegariam em 1947.
Tendo achado o Rio muito quente, partiram para São Paulo. Morando em uma garagem na rua Frei Caneca, montaram um negócio que prosperou. Com um tear, János desenhava tecidos com motivos húngaros e Dora fazia seu périplo pelas lojas, a pé e de ônibus, vendendo os conjuntos.
“Noblesse oblige” era uma expressão que Dora utilizava, diz o filho Jorge Purgly. “A nobreza obriga. Sua palavra de honra vale mais do que a vida.”
“Nunca reclamou. Dizia ter sido muito bem acolhida pelos brasileiros, mas também dizia que a melhor época de sua vida tinha sido a infância, quando estudava em casa, tinha governanta, caçava com o pai”, diz a neta Alexandra Ungern.
“Ela dizia ‘viva a vida’ em todo brinde que fazia. Tinha muita vitalidade”, completa. Dora casou-se mais uma vez, já na terceira idade.
Morreu no último dia 3, aos 100 anos, de falência de múltiplos órgãos. Deixa dois filhos, quatro netos e cinco bisnetos.
MAURÍCIO FRANÇA SACRAMENTO Aos 75, companheiro de
Wania Cristina Almeida Oliveira. Crematório da Vila Alpina, rua das Cotovias, 28, Vila Alpina