‘O Sol Também É uma Estrela’ está acima da média dos filmes ‘teen’
Baseado em romance juvenil, comédia romântica traz estrangeiros que precisam se apaixonar em um dia
O Sol Também É uma Estrela
EUA, 2019. Direção: Ry RussoYoung. Elenco: Yara Shahidi, Charles Melton, John Leguizamo. 12 anos. Estreia nesta quinta (16) Coincidências são elementos consagrados nas comédias românticas. Estar no lugar certo na hora certa pode fazer você encontrar a pessoa certa, é mais ou menos essa a fórmula. No caso de “O Sol Também É uma Estrela”, essas coincidências são abundantes e servem para costurar o roteiro todo. E isso não é ruim.
Ao exagerar nos acontecimentos encadeados para unir o casal central, o filme adentra o terreno da fábula. Joga a realidade para o lado e não tem pudor de forçar encontros meticulosamente construídos para aproximar os jovens no menor tempo possível.
Porque o tempo é o grande inimigo dos adolescentes em sua busca pelo destino feliz. Ambos são estrangeiros em Nova York. Natasha Kingsley é uma jamaicana que mora há uma década na cidade e está vendo seus planos de estudar astronomia destruídos porque seu pai foi denunciado como imigrante ilegal. A família inteira deve voltar para a Jamaica no dia seguinte.
Daniel Bae é o caçula de uma família coreana estabelecida nos Estados Unidos, dona de uma grande loja de cosméticos. No mesmo dia em que Natasha tenta recorrer a um advogado para reabrir o caso de deportação da família, Daniel tem marcada uma entrevista decisiva para cursar medicina em uma boa universidade.
Assim, esse dia é o prazo exíguo que os dois têm para se apaixonarem. Logo de cara esse é o desafio proposto quando um encontro casual faz seus caminhos se cruzarem. Na verdade, Daniel é quem insiste em seguir a garota e conquistá-la. Ele, que vai estudar para ser médico só para agradar os pais, quer ser poeta e acredita no destino dos amantes. Natasha, menina-cientista fã de Carl Sagan, não acredita no amor.
Os rostos são conhecidos do público de séries de TV. Natasha é interpretada por Yara Shahidi, que vive a personagem Zoey Johnson desde 2014. Primeiro, na série “Black-ish”. Depois, desde o ano passado, no spin-off “Grown-ish”. Charles Melton, que faz Daniel, é o Reggie Mantle de “Riverdale”.
Os jovens atores seguram bem o filme. E têm a difícil missão de carregar personagens fofos em demasia. Eles são amáveis, responsáveis, bons alunos, fazem trabalho voluntário e tal. O enredo acerta ao mostrar essa fachada de “filho ideal” ruir aos poucos, quando cada um puxa o outro para fora de sua zona de conforto até revelar os problemas em suas famílias.
Há boas sacadas na narrativa, como os dados científicos sobre o comportamento humano que Natasha expõe em conversa direta com o espectador. Também é bem resolvida a relação de Daniel com o irmão mais velho, um bad boy que já aprontou demais, o que só aumenta a pressão em cima do caçula para ser o filho de bom comportamento.
É evidente que “O Sol Também É uma Estrela”, baseado em um romance de Nicola Yoon, só tem atração para uma plateia muito jovem e predominantemente feminina —como outros tantos lançamentos recentes no cinema. Mas entrega às garotas um produto bem acima da média no gênero.