Folha de S.Paulo

Curvas e subidas do País Basco exigem calma do motorista

Nas principais estradas, que levam a vilarejos históricos e vinhedos, descanso e velocidade­s baixas são essenciais

- Eduardo Sodré

As placas que surgem em um idioma indecifráv­el indicam que o viajante chegou às rodovias do País Basco. São quilômetro­s entre vinhedos cujas sedes ficam em estradinha­s com aclives acentuados e curvas em sequência, que pedem velocidade­s baixas.

Se for possível, esses caminhos devem ser percorrido­s após um ou dois dias de descanso: encará-los sob o efeito de horas de voo e mudança de fuso horário pode resultar em enjoos.

Hélices das torres de energia eólica surgem no topo das encostas ao longo das rotas, e por vezes parece que não vai se chegar a lugar algum. Há pontos em que a estrada tem acostament­o estreito e não se vê sinal de casas.

Então se faz uma curva e uma construção que parece ter séculos de história surge à direita. É uma vinícola sem nome aparente, como tantas outras ao longo do caminho. Algumas são abertas a visitação, mas, se beber, não dirija.

Como os caminhos não exigem tração 4x4 nem permi- tem velocidade­s elevadas, um veículo simples será adequado. Os nomes das estradas são sempre a combinação de letras —que identifica­m o município ou a província— e números. LR-137, N232a e A-12 são algumas das rodovias que cortam o País Basco.

A região de Álava tem vilarejos com vielas que não comportam nada além de um carro compacto. Se o objetivo da viagem for sair das estradas principais e conhecer esses lugares, a melhor opção é alugar um modelo pequenino.

Nessas áreas, as construçõe­s antigas têm cor de areia de praia e há bastante poeira e pólen no ar no início da primavera do hemisfério Norte. Os alérgicos devem evitar essa época do ano.

Há também igrejinhas de arquitetur­a rústica e, se faz sol, é comum encontrar peregrinos pelas estradas. Eles movimentam as pequenas lojas do município de Elciego, uma cidade que preserva uma aparência medieval.

Em um desses estabeleci­mentos, uma lata de sardinha conservada em azeite e uma baguete vieram acompanhad­os de um discurso com críticas aos madrilenho­s, para lembrar a existência de movimentos a favor da independên­cia do País Basco.

De volta à estrada, é hora de seguir rumo ao hotel Marques de Riscal, projetado pelo arquiteto Frank Gehry. O contraste do teto ondulado cor-de-rosa com a mistura de verde e palha da paisagem já vale a visita, mesmo que o viajante não se hospede por lá.

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funkyfrogs­tock/Adobe Stock Cidade de Elciego, no País Basco
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