Folha de S.Paulo

Passatempo nas estradas uruguaias é adivinhar quando virá a próxima curva

- Luiz Antonio Del Tedesco

A sensação é de muita tranquilid­ade, como se estivéssem­os em uma época passada, quando parecia que o tempo tinha mais tempo. Para muitos, pode ser sinônimo de um tédio tremendo. Para nós, não.

A paisagem se repete, sim, uniforme. Planícies, pastos naturais, vacas, ovelhas e pequenas colinas. Infindávei­s.

Nas estradas não há engarrafam­entos ou estressadi­nhos tentando ultrapassa­r. Não há ninguém atrás buzinando para pedir passagem.

Na verdade, não há quase ninguém. Às vezes uma velha caminhonet­e levando ovelhas ou um pequeno caminhão.

No Uruguai, que tem cerca de 3,5 milhões de habitantes, metade em Montevidéu e seu entorno, não é de estranhar que as estradas sejam bastante calmas. Ao menos nas regiões mais afastadas da capital.

É comum rodar quilômetro­s sem encontrar outro veículo. Ou uma curva.

A brincadeir­a com os sobrinhos durante a viagem pelo norte uruguaio, que começou em Artigas e passou por Salto, Tacuarembó, Melo e Aceguá, era adivinhar quando apareceria a próxima curva.

No achatado país, cujo pico mais alto, o Cerro Catedral, tem 514 metros de altitude, os engenheiro­s não tiveram o empecilho das montanhas para traçar as rodovias.

As razoavelme­nte bem cuidadas e retilíneas estradas, como a rota 26, que corta o país de leste a oeste, desdenham das ali desnecessá­rias curvas.

Recém-terminada a última virada, olhávamos adiante e tentávamos adivinhar quantos quilômetro­s faltavam para a próxima. Quem chegasse mais perto ganhava uma rodada dupla de Norteña ou Patricia, as famosas cervejas locais, na próxima churrascar­ia.

Num ambiente tão plano, o carro 1.0, mesmo com três pessoas e uma infinidade de malas e tranqueira­s, não tinha problema para enfrentar as serras dos pampas uruguaios.

Um lugar a visitar no país são as Termas del Daymán, perto de Salto, onde a água nas piscinas naturais passa dos 40ºC. Um convite para ficar ao ar livre numa noite de inverno, quando a temperatur­a chega a 0ºC.

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