Passatempo nas estradas uruguaias é adivinhar quando virá a próxima curva
A sensação é de muita tranquilidade, como se estivéssemos em uma época passada, quando parecia que o tempo tinha mais tempo. Para muitos, pode ser sinônimo de um tédio tremendo. Para nós, não.
A paisagem se repete, sim, uniforme. Planícies, pastos naturais, vacas, ovelhas e pequenas colinas. Infindáveis.
Nas estradas não há engarrafamentos ou estressadinhos tentando ultrapassar. Não há ninguém atrás buzinando para pedir passagem.
Na verdade, não há quase ninguém. Às vezes uma velha caminhonete levando ovelhas ou um pequeno caminhão.
No Uruguai, que tem cerca de 3,5 milhões de habitantes, metade em Montevidéu e seu entorno, não é de estranhar que as estradas sejam bastante calmas. Ao menos nas regiões mais afastadas da capital.
É comum rodar quilômetros sem encontrar outro veículo. Ou uma curva.
A brincadeira com os sobrinhos durante a viagem pelo norte uruguaio, que começou em Artigas e passou por Salto, Tacuarembó, Melo e Aceguá, era adivinhar quando apareceria a próxima curva.
No achatado país, cujo pico mais alto, o Cerro Catedral, tem 514 metros de altitude, os engenheiros não tiveram o empecilho das montanhas para traçar as rodovias.
As razoavelmente bem cuidadas e retilíneas estradas, como a rota 26, que corta o país de leste a oeste, desdenham das ali desnecessárias curvas.
Recém-terminada a última virada, olhávamos adiante e tentávamos adivinhar quantos quilômetros faltavam para a próxima. Quem chegasse mais perto ganhava uma rodada dupla de Norteña ou Patricia, as famosas cervejas locais, na próxima churrascaria.
Num ambiente tão plano, o carro 1.0, mesmo com três pessoas e uma infinidade de malas e tranqueiras, não tinha problema para enfrentar as serras dos pampas uruguaios.
Um lugar a visitar no país são as Termas del Daymán, perto de Salto, onde a água nas piscinas naturais passa dos 40ºC. Um convite para ficar ao ar livre numa noite de inverno, quando a temperatura chega a 0ºC.