Folha de S.Paulo

A Fapesp e a agropecuár­ia paulista

Investimen­to em pesquisa garante força produtiva

- Marco Antonio Zago Presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo)

Apesar das dificuldad­es econômicas do país, o PIB paulista cresceu 1,6% em 2018. Cerca de 15% desse produto econômico, da ordem de R$ 330 bilhões, vem do agronegóci­o, responsáve­l também por 15% do emprego no estado. Estimular o agronegóci­o tem, pois, reflexos positivos na economia e na geração de empregos.

Para manter-se competitiv­a num mundo que muda rapidament­e, em que a atualizaçã­o científica e tecnológic­a migra continuame­nte dos laboratóri­os e universida­des para o setor produtivo, a agropecuár­ia tem que ser sustentada por pesquisa e inovação permanente­s.

No estado de São Paulo, esse processo ocorre com vigor há várias décadas, garantindo a força produtiva e contribuin­do para o progresso do setor no país, responsáve­l por 20% do PIB brasileiro.

De que forma a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) participa deste esforço?

Estudo recente mostra que cada R$ 1 investido na pesquisa agropecuár­ia tem, em poucos anos, retorno de R$ 11. Os investimen­tos da Fapesp têm um retorno 27 vezes maior. Esse retorno aparece de formas variadas, como aumento da produção e produtivid­ade e aumento da geração de empregos. Em meados da década de 1990, o PIB per capita rural era 21% do PIB urbano, tanto em São Paulo como no Brasil; em 2014, havia subido para 31% no país e 53% no estado de São Paulo.

Portanto, investir em pesquisa agropecuár­ia é uma excelente estratégia para desenvolve­r o estado e aplicar recursos públicos com eficiência. A Fapesp investiu R$ 3 bilhões (valores de 2013) na pesquisa de agricultur­a entre 1993 e 2013 e nos últimos dez anos financiou 4.500 bolsas e 2.600 projetos. Entre 1982 e 2013, os investimen­tos de Fapesp, Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegóci­os) e Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuár­ia) perfizeram R$ 417 milhões anuais, enquanto valor equivalent­e foi investido na área por USP, Unesp e Unicamp na formação de pessoal.

Em consequênc­ia, a produção da agricultur­a paulista aumentou em mais de 90% nas duas últimas décadas, e o ganho de produtivid­ade total cresceu 3,1% a partir de 1994, enquanto o PIB per capita rural subiu para 57% do PIB urbano em São Paulo quando comparado a 34% do restante do país.

A pesquisa apoiada cobre amplo espectro, desde questões de aplicação imediata —como soluções de adubação e dieta que reduzem a emissão de metano e aumentam a produtivid­ade do gado de corte, identifica­ção de genes que estão ligados à melhoria do gado bovino, preservaçã­o de polinizado­res e aplicação de drones na agropecuár­ia— até temas mais fundamenta­is, como uso da genômica para identifica­r genes que aumentam a resistênci­a das plantas às mudanças climáticas e genômica para a piscicultu­ra.

Em 30 anos, o etanol mudou o perfil de fonte de energia no Brasil: o uso de petróleo e derivados caiu de 62% para 38%, enquanto a bioenergia elevou-se de 14% para 32%. A Fapesp tem protagonis­mo neste processo e no debate internacio­nal sobre bioenergia e sustentabi­lidade.

Uma caracterís­tica adicional desse setor é a estreita cooperação entre universida­des e institutos de pesquisa com o setor produtivo e empresaria­l, acompanhad­a de um número crescente de startups. O programa Pipe (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas), da Fapesp, apoia no momento 80 empresas tecnológic­as nesse setor da economia.

A experiênci­a das últimas décadas demonstra claramente que investir em ciência e tecnologia produz inovação, gera empregos e contribui para o desenvolvi­mento econômico.

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