Folha de S.Paulo

Fracasso com brexit faz May anunciar renúncia

Série de fracassos para chegar a acordo de saída do Reino Unido da União Europeia leva à queda de primeira-ministra

- Lucas Neves

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, anunciou ontem que deixará o cargo, quase três anos após tomar posse.

Ela lamentou não ter conseguido aprovar no Parlamento o acordo para o país deixar a União Europeia. O favorito para sucedê-la é o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, a favor de um brexit sem concessões.

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, anunciou na manhã desta sexta-feira (24) que deixará a liderança do Partido Conservado­r no dia 7 de junho, abrindo caminho para uma troca no comando do país nos próximos meses, possivelme­nte até meados de julho.

Acorrida para sucedê-lano comando do Partido Conservado­r (e, por extensão, do país) deve durar entre seis e oito semanas e só começará por volta de 10 de junho. Até que esse processo termine, May seguirá como primeira-ministra.

Em pronunciam­ento na sede do governo, em Londres, May surgiu diante das câmeras com os olhos marejados. Disse lamentar não ter conseguido finalizar o processo de saída da União Europeia (UE), o brexit, e afirmou ter sido uma honra seras egund amulhera ocupar oposto de chefe de governo ,“mas não a última ”— Margar etThatcher­fo ia primeira.

“Farei isso [renúncia] não com dificuldad­e, mas com enorme e duradoura gratidão por ter tido a oportunida­de de servir o país que eu amo”, disse May. Ao dizer “o país que eu amo”, a premiê embargou a voz e segurou o choro, para então virar de costas e entrar no número 10 da residência em Downing Street.

May assumiu o posto em julho de 2016, depois da renúncia de David Cameron, fragilizad­o pelo resultado surpreende­nte do plebiscito sobre o brexit, um mês antes —ele era favorável à permanênci­a do Reino Unido no bloco europeu e deus in alverdeà votação para apaziguara alamais anti-UE do Partido Conservado­r, mas certo de que seu lado venceria.

Depois deu mano emeio de negociaçõe­s, sua substituta conseguiu, no fim de 2018, fechar acordo coma UE para o desligamen­to do Reino Unido do consórcio continenta­l, mas ele foi rejeitado três vezes pelo Parlamento em Londres.

No processo, ela resistiu a duas moções de desconfian­ça, uma delas submetida por seus próprios colegas de partido.

Apressão para sua saída voltou a subir no começo desta semana, quando a líder apresentou um plano “reto

cado” para tentar convencer os deputados a endossar o “divórcio” do bloco europeu.

A nova proposta abria a possibilid­ade de uma segunda consulta popular sobre o brexit —o Legislativ­o, uma vez aprovado o acordo, teria a prerrogati­va de definir se ela de fato aconteceri­a. O aceno enfureceu os correligio­nários de May. Até seus ministros a repreender­am, dizendo que o item não havia sido acordado em reunião do gabinete.

Outro item do pacote recauchuta­do previa alguma modalidade de união aduaneira pós-brexit entre britânicos e europeus —cuja implantaçã­o também dependeria do consentime­nto dos deputados.

A ideia era conquistar apoio nas fileiras do Partido Trabalhist­a, principal força da oposição, que defende uma união aduaneira permanente depois da separação.

De nada adiantou. Consciente­s da debilidade do governo May e da possibilid­ade de reversão de suas medidas por uma nova gestão, os trabalhist­as não morderam a isca, o que só tornou ainda mais insustentá­vel a permanênci­a da primeira-ministra no cargo.

No pronunciam­ento de sexta, ela listou conquistas de sua administra­ção, como o saneamento das contas públicas e a redução da taxa de desemprego

a níveis recordes, e disse ter feito todo o possível para convencer os deputados a aprovar o acordo de saída da UE.

“Infelizmen­te, não consegui. Para ser bem-sucedido, meu ou minha sucessora precisará achar consenso parlamenta­r onde não encontrei. Esse consenso só será alcançado se todos os lados do debate estiverem dispostos aceder .”

Líder do Partido Trabalhist­a, Jeremy Corbyn afirmou que a adversária tomou a decisão correta eque, qualquer que seja o resultado da corrida conservado­ra para sucedêla, o futuro chefe de governo deve convocar eleições gerais.

De seu lado, presidente­s e premiês europeus expressara­m preocupaçã­o coma saída de May.Ot em oréd eques eu sucessor nãofaç agrandes esforçospa­ra evitar um divórcios em acordo coma UE— e, portanto, sem fase de transição, para dar tempo às partes ase adaptarema­o novo status da relação.

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