Folha de S.Paulo

Queiroz pagou R$ 133,6 mil em dinheiro vivo por cirurgia

Ex-assessor de Flávio Bolsonaro desembolso­u valor com médicos e hospital

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O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor de senador Flávio Bolsonaro (PSLRJ), pagou R$ 133,6 mil em dinheiro vivo por sua cirurgia, internação e equipe médica no Hospital Albert Einstein, entre o fim do ano passado e o início de 2019.

De acordo com o advogado Paulo Klein, que defende Queiroz, o PM aposentado pagou em espécie R$ 64,6 mil ao Albert Einstein pelos serviços hospitalar­es, R$ 60 mil à equipe médica e R$ 9.000 ao oncologist­a. O hospital recebeu também R$ 5.400 por cartão de crédito.

A informação foi divulgada nesta sexta-feira (24) pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha.

O advogado afirma que o pagamento está dentro da capacidade financeira da família de Queiroz que, somada, tem uma renda anual de R$ 500 mil, segundo ele.

O dinheiro, disse o advogado, fazia parte de uma reserva financeira que tinha como objetivo amortizar uma dívida imobiliári­a. A defesa não explicou por que foi usado dinheiro em espécie.

O ex-assessor ficou internado de 30 de dezembro a 8 de janeiro para cirurgia e tratamento de um câncer.

O PM aposentado é pivô da investigaç­ão do Ministério Público do Rio contra o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente. A apuração começou após um relatório do governo federal ter apontado a movimentaç­ão suspeita de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz de janeiro de 2016 a janeiro de 2017.

Além do volume movimentad­o, chamou a atenção a forma com que as operações se davam: saques e depósitos em dinheiro vivo. As transações ocorriam em data próxima do pagamento de servidores da Assembleia Legislativ­a do Rio.

Pivô da investigaç­ão contra Flávio, Queiroz reconheceu ter recolhido parte do salário de servidores do gabinete do então deputado estadual Flávio, de 2007 a 2018, na Assembleia Legislativ­a do Rio.

O objetivo, disse Queiroz, era contratar assessores informais para o então deputado e ampliar a base eleitoral do filho do presidente da República.

Desde então, Flávio já afirmou que talvez tenha confiado demais no ex-assessor. A interlocut­ores o presidente Jair Bolsonaro já falou em traição, como informou a coluna Painel da Folha.

A defesa nega que a prática de contratar assessores informais seja um crime, mas o policial militar aposentado diz se sentir culpado pela crise política. Ele era uma espécie de chefe de gabinete de Flávio.

Em razão da internação, Queiroz não compareceu aos depoimento­s marcados no Ministério Público no fim do ano passado e no início de 2019.

Segundo o Ministério Público do Rio, há indícios robustos dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organizaçã­o criminosa no gabinete de Flávio. Foi com base nesses indícios que a Promotoria solicitou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de 86 pessoas e nove empresas.

Flávio Bolsonaro foi um dos atingidos pela medida. Uma das bases para a conclusão do Ministério Público foi o posicionam­ento da defesa do exassessor Fabrício Queiroz.

O advogado Paulo Klein disse que “vê com naturalida­de o fato do Ministério Público investigar a origem dos recursos utilizados para pagamento das despesas médicas do Fabrício Queiroz”.

“A comprovaçã­o dos pagamentos com recursos próprios e dentro da sua capacidade econômica só reforçam que ele jamais cometeu qualquer crime”, afirmou a defesa.

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